Eu tinha 14 anos de idade e 1970 era tido como um dos piores anos da Ditadura Militar, com o general Médici no comando. Gremista, ele saiu espalhando dinheiro para a construção de estádios pelo Brasil. Fez o de Alagoinhas, o “Carneiro”, ampliou a Fonte Nova (fez o anel superior) e por aí foi alimentando a paixão nacional pelo futebol.
Hoje, com 57 anos de idade, vivi uma grande emoção, ganhando de presente dos meus filhos uma camisa da Seleção Brasileira de 70, me relembrando outras grandes emoções que passei naquele ano do Tricampeonato.
Só consegui assistir ao primeiro tempo do jogo. Muito ansioso, me refugiei nas obras do “Carneirão”, que estava sendo erguido bem defronte da minha casa. De lá só saí quando ouvi um grande foguetório e percebi que o Brasil fez 2 a 1.
Sai andando em direção ao Bar de Galego, quase no centro da cidade. Não queria ficar na frente da televisão. No meio do caminho, novo foguetório. Brasil 3 a 1. Já bem mais aliviado, tive a chance de ver o 4 a 1 assim que entrei no boteco.
Só voltei pra casa por volta de 10 da noite, depois de muita festa nas ruas e na Associação Recreativa de Alagoinhas. A Copa de 70 estimulou mais ainda meu patriotismo e, lógico, minha disposição de lutar por melhorias no meu País.
Eu sempre vestirei essa camisa.
Edson Borges / Farinha no Saco