Não é novidade que o Sistema Penitenciário brasileiro agoniza em falta de estrutura e incapacidade de fazer cumprir o que estabelece a Lei. O próprio Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chegou a afirmar, em 2012, que “se fosse para cumprir muitos anos em uma prisão nossa, eu preferiria morrer”. Outro ponto que caracteriza a debilidade do Sistema é a conexão entre as práticas criminosas no interior dos presídios e fora deles.
Provavelmente por isso a rebelião no Pavilhão 10 do Complexo Penal de Feira de Santana, fartamente noticiado, até agora com 9 mortos e mais alguns feridos, está gerando grande furor na população feirense. No momento em que escrevo este artigo algumas dezenas de mensagens chegam nas várias mídias sociais dando conta de ações criminosas que, após o mínimo de apuração, se revelam inverídicas.
Fotos de homicídios ocorridos há alguns meses em outros estados estão sendo divulgados como “retaliação de traficantes por causa das mortes no presídio”. Sabendo que sou policial militar, uma tia pergunta: “Danillo, é seguro ir trabalhar amanhã?”.
Não são poucos os casos em que o “efeito manada” acaba por gerar danos maiores que o próprio medo que pretende prevenir. E hoje, com o fenômeno do anonimato que “repassa” informações sem qualquer responsabilidade, a tendência é que sejamos manipulados pelo medo fundado no boato.
É óbvio que devemos ser cautelosos e moderados ao considerar nossa vulnerabilidade à violência. Precisamos sempre nos prevenir e tomar as medidas necessárias para não nos tornarmos vítimas. Mas para isso é lúcido se basear em informações confiáveis, principalmente as oriundas das autoridades legalmente constituídas, ou, pelo menos, de pessoas e veículos com alguma credibilidade.
A morte de 9 presos choca e gera a sensação de absurdo. Mas não podemos canalizar o espanto para a boataria irresponsável.