Naquele aniversário de Mainha, quando andávamos por uma Feira de Santana entupigaitada de gente eu o vi em disco pela primeira vez.
Uma lojinha que ficava na Senhor dos Passos, hoje é uma loja da Insinuante, parece-me, foi nela que entrei, parei a alucinada caminhada com a velha, parei para ouvir “Quem me levará sou eu” e fiquei por ali.
Enfrentei a gigantesca timidez, pedi a uma das moças bonitas que atendiam para tocar o disco todo. Ouvi, com ouvidos do coração, os tons e imagens. Depois, não lembrava mais do tempo, perguntei o preço: CR$ 500,00, muito dinheiro! Tinha pouco mais de 20%. Fiquei na porta, olhava o bico sujo do meu Bamba Monobloco, via o povo passar veloz, velocíssimo. Nada de Mainha.
Finalmente ela chegou, negociamos. Três nãos dela, perigo! Uma tromba minha, temeridade! Em julho eu não receberia presente de aniversário, certo? Certíssimo. Levei o disco embalado em papel pardo, tocaria em minha radiola vermelha, a “pilha”.
Foi o melhor presente de natal da minha vida, tatuou 1980 em meu coração. “Canário que muda pena dói”, ele se foi, “quem me levará sou eu”… Mas vou bem acompanhado, harmônicos acordes de sanfona continuarão guiando meus sonhos.
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