O estado da Bahia é o detentor do maior território sertanejo dentre os estados nordestinos. O território sertanejo da Bahia é mais ou menos o equivalente à soma dos outros 8 estados do Nordeste.
Na Bahia, porém, fruto da colonização, preponderou uma espécie de cegueira que leva a uma tirania que, reconhecendo só o seu passado colonial em torno da Baía de Todos os Santos despreza-se o seu maior território cultural: o Sertão.
Em 1983, no governo João Durval, quando sertanejos estiveram à frente do governo da Bahia e da sua Secretaria da Educação Cultura, o IPAC passou a cuidar do patrimônio intangível, incorpóreo, hoje mais conhecido como patrimônio imaterial.
Para a época, algo vanguardista, considerando-se que a Constituição Federal só veio a tratar disso em 1988.
Através do IPAC, com apoio do Desenbanco, o projeto “Histórias de Vaqueiros:Vivências e Mitologias” inicia o mais abrangente e sistemático estudo jamais feito na Bahia e no Brasil sobre o Vaqueiro, o protagonista, representante e símbolo maior da cultura sertaneja.
Quase 30 anos depois, em Feira de Santana, aos seis de maio de 2012, com a presença de cerca de 130 vaqueiros de vários municípios da Bahia, é realizada finalmente a cerimônia de inserção do Ofício de Vaqueiro no Livro do Registro Especial dos Saberes e Modos de Fazer.
Washington Queiroz é escritor, antropólogo e autor das propostas de Registro do Ofício do Vaqueiro como Patrimônio Cultural da Bahia e do Brasil.