Na arte de rua, ou nos ‘bailes da vida’ como cantou o mineiro Milton Nascimento, o artista tem que ir aonde o povo está. E povo é o que não falta por aqui nas ruas, praças e avenidas da maior cidade do interior do Nordeste do Brasil, Feira de Santana.
Feira é um grande palco, sempre foi, que o digam outros artistas mais famosos do que esse que hoje eu vi no centro.
Na praça J. Pedreira, defronte ao antigo Mercado Municipal, o artista monta seus apetrechos, enquanto vai falando para os curiosos que passam ou param para olhar.
Fala muito.Cumprimenta, explica o que vai fazer, de onde é, que ganha dois salários mínimos e que não vai pedir dinheiro a ninguém. Até dichote e ‘lição de moral’ ele passa com quem passa sem dar muita importância. ‘“Precisamos ter humildade e respeitar a cultura” diz rápido e sequenciando logo com explicações sobre as facas no círculo que ele acaba de colocar em pé ou os ‘sacos’ que ele ainda vai usar.
Com água faz no chão um círculo envolvendo ele e o equipamento. É o palco, são os limites. E não para de falar, de chamar as pessoas para o risco d’água e explicar como vai saltar por dentro do círculo com facas, pegar uma tampa de uma garrafa com a boca, passar por cima do boneco Zé e cair lá na frente“.
Ao expor uma das peças, um pequeno caixote no formato de caixão de defunto, disse que ali estaria uma mão do ‘Chupa Cabra”, e explicou:
Aqui na Bahia nós chama de Labisome ou Lobisomem, lá no estado do Amazonas, no Amapá, Macapá, no garimpo de Serra Pelada, ele é chamado de Chupa Cabra”.
Fui ao MAP na banca de cordel de Jurivaldo Alves e quando voltei a audiência já tinha duplicado e ele já falava sobre um óleo com poderes curativos.
Não esperei para ver o ‘grande salto’ e acho que pra isso acontecer (se aconteceu) demorou ainda mais de três horas ininterruptas de espetáculo…e não faltou público.
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