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quinta-feira, 15 de junho de 2017 / Publicado em Home

‘No dia só Deus sabe, o dia de nós’, por Matheus Oliveira

A ORDEM DOS POSSESSIVOS NO PORTUGUÊS RURAL DA BAHIA

Matheus Oliveira (UFBA/PROHPOR)
[email protected]

RESUMO: Este trabalho apresenta a reestruturação do sistema de marcação possessiva no português falado no semiárido baiano, fenômeno observado, também, em línguas pidgins e crioulas de base lexical portuguesa (cf. LOPES DA SILVA, 1984; ALMADA, 1961; KIHM, 1994; FERRAZ, 1979; MINGAS, 1998; MARLYSE, 2002; LUCCHESI, 2009; GALVES E AVELAR, 2014) e em comunidades isoladas representativas do português afrobrasileiro (cf. LUCCHESI; ARAÚJO, 2009).

No corpus que analisamos, as Amostras da Língua Falada no Semiárido Baiano (ALMEIDA; CARNEIRO, 2008), aparecem duas opções estruturais de marcação possessiva: uma sintética, quase sempre pré-nominal (“é decente morar c’um nossos pai”) e outra analítica, sempre pós-nominal (“No dia só Deus sabe, o dia de nós”).

O estágio atual da variação entre essas estratégias de expressão de posse parece revelar uma competição entre duas gramáticas (cf. KROCH, 2005): uma que imita os modelos do português europeu e outra que é remanescente de um período de aquisição imperfeita do português por escravos africanos.

O uso da estratégia analítica, para nós, pode revelar duas coisas: ou se trata de um remanescente de uma época em que os africanos, aprendendo o português como L2, em situação emergencial, podem ter feito processos de transferência e relexificação (cf. LEFÈBVRE, 2001; SIEGEL, 2006; SCHWARTZ; SPROUSE, 1994; SPROUSE, 2006) de sua L1 para a L2 em processo de aquisição ou se trata de reanálises de características cujos dados linguísticos primários não foram claros, robustos.

Nesse último caso, tratar-se-ia de uma simplificação gramatical prototípica de situações de aquisição de segunda língua (cf. KLEIN; PERDUE, 1997; SIEGEL, 2008).

Seja qual for a explicação, fica claro, para nós, que as semelhanças que guardam o português brasileiro e outras línguas afetadas por contato interlinguístico em relação ao fenômeno sobre o qual nos debruçamos não podem ser mero acaso, ou resultado de uma deriva secular (cf. NARO; SCHERRE, 2007), mas, antes, devem ter suas motivações fincadas na maneira como se adquiriu o português no Brasil colônia e império e como se transmitiu essa língua para as demais gerações.

Matheus Oliver/facebook

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