“Eu nasci no mesmo ano da inauguração do Centro de Abastecimento de Feira de Santana.
Durante toda a minha infância, eu estive lá, todos os sábados, juntamente com minha mãe, que fazia a feira de nossa família, aproveitando os preços mais baratos.
Desde criança, frenqüentei o galpão das carnes, das frutas e verduras e dos cereais.
Fui criada nas paradas dos boxes, no barulho e nos papos das feirantes, sentindo os cheiros de cada parte e sendo formada no calor das relações e das amizades.
O Centro de Abastecimento faz parte da memória afetiva de todos os feirenses de minha geração e classe social.
Ao caminhar pelos “caminhos do centro” – caminhos de Feira, de nossa memória, de nossa história – ao falar com os trabalhadores do artesanato, não tive como não me emocionar; principalmente, por constatar a falta de respeito como estão sendo tratados.
Somos testemunhas das atrocidades a que estão submetidos, e pela maneira autoritária e impositiva que o governo municipal tem conduzido as mudanças no local.
O sustento de centenas de famílias está ameaçado e desrespeitadas estão em sua dignidade e em sua cidadania. É inaceitável essa situação.
Todos os cidadãos feirenses devem saber disso, e assim, levantarem suas vozes em apoio aos trabalhadores do Centro de Abastecimento.
É por todas desse lugar: não só as que têm boxe, mas as que vendem verduras ao sol, as que vendem suas comidas, adolescentes, pais e mães de família que trabalham com seu carrinho de mão, levando as feiras até os pontos de ônibus, os que descarregam os caminhões para sustentar seus filhos e esposas, as mulheres que passam o dia todo no Centro, vivendo assim uma extensão de seus lares, e lá comem, bebem, estudam, ensinam seus filhos.
É triste ver a sujeira tomando conta dos diversos espaços do Centro de Abastecimento, o esgoto correndo a céu aberto, a falta de limpeza e coleta de lixo, o descaso com os banheiros, principalmente, sabendo que recebemos verbas federais para isso.
Onde está esse dinheiro? Para que está sendo usado? E não venham nos falar que a culpa é dos trabalhadores e trabalhadoras. Conversa fiada!
O governo municipal precisa assumir a responsabilidade por governar autoritariamente essa cidade, sem dialogar e ouvir o povo, à revelia das necessidades da população.”