“Nos dois últimos finais de semana Salvador e Feira de Santana, as duas maiores cidades da Bahia, vivenciaram novamente um triste episódio que produziu mais de 50 assassinatos de jovens nas periferias dos dois municípios – ambos seguindo o padrão de serem após o assassinato de policiais.
Entre a tarde de sábado e a noite do domingo, foram 17 assassinatos em Feira de Santana entre eles a maioria jovens de 14 a 29 anos.
Esses acontecimentos reafirmam as estatísticas que mostram a brutalidade desse modelo de Segurança Pública estruturado na criminalização da pobreza, na suposta “guerra às drogas” e no confronto de agentes do Estado com a juventude negra e pobre.
Não à toa, de acordo com o Atlas da Violência de 2018, o risco de um jovem negro ser vítima de homicídio no Brasil é 2,7 vezes maior que o de um jovem branco.
Esse quadro é alimentado por uma concepção de guerra que produz a morte incessante de trabalhadores da segurança pública, mas principalmente uma política cotidiana de extermínio da juventude negra e periférica.
Nesse sentido, entendendo o quão difícil é o momento de luto para todas as famílias, o PSOL se solidariza com os familiares das 18 vítimas.
Por outro lado, exigimos das autoridades que a investigação não se limite à morte do policial, mas também se faça para todas outras pessoas assassinadas.
Combateremos toda instituição e governo que naturalizar o fato, atribuindo a matança vivenciada neste final de semana ao “envolvimento com o tráfico” ou outros argumentos que buscam justificar as mortes e desumanizar as vítimas.
Em especial, assim como em outros estados, aguardamos que a apuração indique se houve ou não a ação clandestina de policiais e outros agentes de estado como “grupos de extermínio”.
O PSOL segue na defesa e em luta por outro modelo de Segurança Pública pautado na desmilitarização dessa política e da própria polícia, o fim do auto de resistência, a unificação do ciclo policial, uma nova formação dos profissionais dessa atividade, a transparência nos dados da área, controle social das instituições de Segurança, uma política pública de enfretamento ao racismo institucional e à seletividade do Judiciário, uma nova regulamentação antiproibicionista das drogas, dentre outras medidas que contribuam para superação do triste cenário atual.
Partido Socialismo e Liberdade, Feira de Santana, 18 de Junho de 2018.
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