“Nada se cria, tudo se transforma”, disse o cientista francês Antoine Lavoisier no que foi remedado pelo mestre Chacrinha que cravou: “Nada se cria, tudo se copia”. É o que vem acontecendo, mesmo sem querer, mas por uma questão inata, com o presidente Jair Bolsonaro. Sua exposição oral de direita converge com a elocução verbal de esquerda do ex-presidente Lula (agora preso acusado de corrupção) quando se trata de destratar a Europa sobre a questão da Amazônia, o que vem colocando o Brasil em perigo na iminência de ser rejeitado por um mercado que tem a potência e o poder de compra de trilhões de reais. Não se trata mais de jogar fora os bilhões previstos para os próximos anos que seriam doados pela Alemanha e Noruega para o Fundo Amazônia.
Outro dia o Jornal Nacional expôs registro revelando que Bolsonaro rejeitou críticas das autoridades da Europa sobre às políticas ambientalistas brasileiras. Ocorre que sua reação pensada e revelada de um jeito torto ou outro é extremamente (sem trocadilho ou apropriação) irmã gêmea, mabaça, xifópaga com as colocações de Luiz Inácio Lula da Silva. Semelhante em tudo ao que o petista tinha como manha de fazer quando não conseguia achar argumentos válidos para assegurar que tudo estava indo bem em sua política sobre a Amazônia.
Lula disse certa vez apo ser admoestado pelos críticos: “A Amazônia é como aqueles vidros de água benta na igreja: todo mundo acha que pode meter o dedo. Não podemos permitir que as pessoas tentem ditar as regras do que que a gente tem que fazer na Amazônia”. E, segundo o Jornal Nacional registrou ele replicou a apreciação em outras ocasiões: “Eu estava agora mesmo dando uma entrevista para um jornalista francês (…) vem aquela velha história de que: ‘Olha, nós precisamos tomar cuidado porque, senão, nós vamos invadir a Amazônia e nós vamos prejudicar a biodiversidade da Amazônia, vamos mudar o ecossistema’. Eu disse ao jornalista que era importante que a gente olhasse o mapa-múndi do desmatamento dos últimos mil anos e fizéssemos o acompanhamento da evolução do desmatamento para perceber que este país, muitas vezes tão agredido por erros de pessoas que de forma irresponsável fazem queimadas e desmatamento onde não deveriam fazer, este país ainda tem 69% da sua mata original preservada, enquanto os países ricos, que tentam nos dar lição, só têm 0,3% das suas florestas preservadas”.
Lula estava errado. Bolsonaro repetiu a mesma cantilena e mandou que a Alemanha usasse o dinheiro do Fundo Amazonas para plantar verde. Na verdade, coisa que Lula não sabia e Bolsonaro não sabe e os dois passam vergonha e nos deixam rubros de tantos embaraços é que, hoje, na Europa, a realidade dos dois. A cobertura florestal por lá é de quase metade do território. Por aqui os dados mostram que o desmatamento na Amazônia aumentou no início do governo petista, houve uma queda posteriormente, mas que foi recrudescido no governo de Dilma e depois no de Temer, piorando com Bolsonaro.
Quem viu e ouviu o JN semana passada apreciou o comparativo de convergência dos discursos de Bolsonaro e Lula contra os países da EU. Os dois dizem que a Europa destruiu todas as suas florestas e não tinha moral para dar conselhos ao Brasil. Um arrazoado raso e sem base nenhuma de informação. E olha que a Europa enfrentou duas guerras mundiais que devastaram seus territórios. Lula e Bolsonaro devastam nossa consciência e civilidade.
Jolivaldo Freitas é Escritor e jornalista.
Email: Jolivaldo.freitas@yahoo.com,.br
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