Os moradores do município de Uruçuca, no Sul da Bahia, além de contarem com um território propício para o cultivo de cacau e outros frutos, também possuem um aliado na agricultura.
É que o engenheiro agrícola e professor do Instituto Federal Baiano (IF Baiano), Paulo Sabioni, já criou diversas soluções com foco em ajudar o produtor rural.
As engenhocas, que vão desde cortadores de cacau até estufas para secagem, são todas ensinadas gratuitamente para os trabalhadores interessados, além de serem construídas com materiais recicláveis e de fácil acesso, promovendo sustentabilidade e inclusão.
Segundo o professor, a ideia é gerar economia circular, de modo que as atividades sejam otimizadas e que possam gerar melhoria no cultivo dos alimentos.
“Um dos trabalhos que executei foi a máquina para quebrar cacau, pois é possível cortar o fruto de maneira higiênica e segura, e pode ser executado por apenas uma pessoa, enquanto o procedimento padrão exige duas. Além disso, usando o facão corre o risco de perfurar a semente, o que pode alterar o sabor final do chocolate devido ao contato com o ferro, enquanto o novo cortador evita este problema”, disse.
Já a tesoura para poda, construída com suporte feito à base de cano PVC, que atua na melhoria da ergonomia, foi desenvolvida para ser ofertada ao agricultor de forma mais acessível e capaz de atingir alturas maiores, visto que o cacaueiro é uma árvore que pode chegar a 6 metros.
Para o inventor baiano, as inspirações começaram desde cedo. “Meu pai sempre me levava com ele em oficinas e eu desde pequeno tive contato com máquinas. Uma curiosidade engraçada é que quando criança eu montava meus próprios brinquedos”. Atualmente, os brinquedos deram lugar a ferramentas que beneficiam a população. “Como sou engenheiro agrícola, procurei trazer a vontade de inventar soluções para esta área e no IF Baiano sempre tive a oportunidade de inovar com os alunos”, disse o professor.
Paulo também desenvolveu uma estufa para secar a semente de cacau, que é famosa pelo nome de nibs, a matéria-prima principal para a criação do chocolate. Na estufa, tambores com água funcionam como bateria térmica para manter o aquecimento do microambiente de maneira mais eficiente, pois ela permanece aquecida mesmo após o pôr do sol. O inventor já é famoso em sua região por realizar cursos de capacitação para produtores. “Nesse momento eu tento passar meu conhecimento e busco os materiais mais fáceis que eles poderiam conseguir em sua realidade social e econômica”, ressaltou.
Com alto impacto e baixo custo, o projeto de tecnologia social também originou coletor de fruto, do qual o produtor rural sequer precisa entrar em contato com os alimentos, gerando mais segurança na hora de recolhê-lo. “Um dos projetos vindouros é um equipamento voltado para irrigação, com foco em desenvolver algo para sub-irrigação”, conta Paulo, que acredita que no futuro seus inventos possam ser reproduzidos pelos próprios agricultores, com o intuito de facilitar o trabalho deles, além de aumentar a produtividade.
Recentemente, as invenções foram apresentadas na Feira Baiana de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Febafes), realizada junto à Feira Internacional do Agronegócio (Fenagro), que aconteceu em Salvador entre 23 de novembro e 1º de dezembro, onde foram expostos os equipamentos desenvolvidos por Paulo em parceria com seus alunos.
fonte e foto: Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação
Assessoria de Comunicação
Assessoria de Comunicação
Últimos posts por Jânio Rêgo (exibir todos)
- Comércio de escravos na Feira de Santana - 28/09/2024
- Pequenas histórias da escravidão na Feira de Santana - 26/09/2024
- O samba da feira-livre - 20/09/2024