por Socorro Pitombo
No mundo louco em que vivemos, de tanto desamor, guerras e conflitos da impaciência no lidar com o outro, da intolerância, ou para dizer melhor, do desprezo pela vida humana, nada mais alentador que uma amizade sincera, daquelas que se dispõem a escutar as nossas mágoas e alegrias, indistintamente e estão se tornando cada vez mais raras.
Saber que em algum lugar existe alguém com que podemos contar em qualquer circunstância, nos momentos mais difíceis e naqueles em que compartilhamos vitórias e alegrias é simplesmente gratificante, e nos traz à tona o sentimento de felicidade.
A amizade desempenha papel importante no caminho do ser humano em relação à felicidade, já defendia Aristóteles, um dos mais influentes filósofos gregos do mundo ocidental. O homem vive em comunidade e, por isso mesmo, suas ações têm impacto não apenas sobre si, mas também sobre o outro. É na cidade, no convívio com outras pessoas, que se pode agir e agindo de forma virtuosa se vivencia a felicidade, ensina o filósofo.
Mas afinal, o que é felicidade? Esse questionamento nos acompanha desde sempre. Ser feliz é ter uma grande fortuna? Estar cercado de poder e honrarias, ter uma bela casa e o carro do ano? Certamente que não. Esses são prazeres efêmeros, sentimentos passageiros por algo que conquistamos em nossa vida.
Já para Nietzshe, felicidade é transbordamento. Essa capacidade de sair de si e retornar a si. De todo modo, talvez possamos pensar numa conjunção entre essas duas perspectivas acreditando que a felicidade é fazer aquilo que se gosta. Ter prazer com o que fazemos, buscar um aprimoramento pessoal e neste momento você é mais você e pode compartilhar essa alegria com o outro. Aristóteles falava nessa busca pela excelência, não porque os outros esperam, mas porque há realização de si e esta pode ser compartilhada.
Todos nós queremos ser felizes, esquecendo que a felicidade pode estar naquele domingo ensolarado, quando caminhamos sobre a areia branca da praia. Ou simplesmente acordar, abrir a janela e perceber que no nosso pequeno jardim desabrochou mais uma flor, brotando da terra. Essa é a felicidade genuína. É a aceitação de nós mesmos, com nossas virtudes e defeitos, amores e desamores, erros e acertos, mas sempre na busca de um aperfeiçoamento pessoal, querendo ser uma pessoa melhor.
Entretanto, a ciência moderna propõe dois tipos de felicidade. A condicionada, que surge quando obtemos algum conforto ou ganho, e a felicidade genuína, aquela que flui de nossas mentes e do que oferecemos aos outros e ao mundo. Ou seja, somos felizes quando podemos oferecer coisas boas às pessoas que amamos.
Uma amiga querida me diz que a maior das felicidades é acordar com brilho nos olhos, propósito na vida e boas relações ao redor, sem motivo especial para estar disposto e com bom ânimo. Sábias palavras, porque nos mostram que é possível encontrar felicidade real no cotidiano.
Todas essas reflexões resultam das mensagens que nos chegam via WhatsApp sobre mindfulness, um modelo de meditação que nos ajuda a ter uma vida melhor, dar as mãos aos nossos medos e a realizar os desejos genuínos do nosso coração.
Socorro Pitombo é jornalista
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