
‘Seu’ Ivan tem uns 30 anos sendo relojoeiro na Feira de Santana. Como milhares de trabalhadorxs pelas ruas do centro, sua história é de sobrevivência: quando a indústria o demitiu ele encontrou na rua a oportunidade de sobreviver dignamente. e instalou-se próximo ao velho Mercado de Arte Popular (Map) onde está até… provavelmente até o fim deste mês, assim quer a Prefeitura.
‘Seu’ Ivan não vai ‘descer’ pro shopping popular como outros colegas dele naquele trecho. Quase todas as bancas ao redor são de relojoeiros como ele. Não vai mais arriscar, o tempo, a idade…vai levar o ofício pra casa e tentar atrair nova clientela. Na Feira todo lugar é um potencial ponto comercial. Na Feira de Santana comércio nas ruas é como sangue nas veias.
Há centenas de profissões exercidas pelas ruas do centro da cidade, centenas de histórias semelhantes a de ‘seu’ Ivan.
No começo da ladeira da rua Recife, por exemplo, uma das ‘descidas’ para o antigo, e em extinção, Centro de Abastecimento, a tesoura desse barbeiro faz cortes derradeiros. Tirar os trabalhadores de rua dessa artéria é quase uma obsessão para os que defendem a ‘limpeza’ e ‘desobstrução’ das calçadas…quantos cabelos aparados, quantas barbas feitas, quantas auto-estimas infladas…
Já o ‘Galego da Cocada’, a melhor de todo o centro da cidade, planeja uma vitrine de dez sabores da gostosa sobremesa no balcão de seu box no shopping popular. Está agoniado para sair da praça Bernardino Bahia, e sofre pela demora. Essa semana foi ‘lá embaixo’ receber a chave. Que chave? “Eles disseram 29, mas de que mês?“