No meio da pandemia de Covid-19 cresceu a demanda por serviços de entrega sobre duas rodas. Os produtos são bem diversificados: remédios, compras de supermercado, máscaras caseiras, bebidas, documentos e, sobretudo, comida pronta. Quem tem uma motocicleta ou uma bicicleta e se dispõe a enfrentar os riscos – não é negligenciável a exposição à contaminação – não fica parado e até levanta algum dinheiro nesse cenário econômico pouco auspicioso. Note-se que é uma mudança cujos efeitos tendem a ser duradouros no Brasil, indo além da pandemia.
É que já cresciam, país afora, serviços de entrega de comida. Além da pizza tradicional, sanduíches, pratos árabes, japoneses e chineses já vinham chegando à clientela com a agilidade dos motoboys. Até mesmo pratos mais tradicionais, como o feijão com arroz, eram transportados sobre duas rodas.
Em metrópoles como São Paulo muita gente já vinha abandonado bares e restaurantes para fazer a refeição mais comodamente, em casa. Quem transitava por aquela capital antes da pandemia sempre via motocicletas estacionadas defronte a estabelecimentos especializados em entrega de refeições. Às vezes, dezenas delas. Também era corriqueiro vê-los arriscando-se pelo trânsito da cidade cinza, com a pressa habitual.
A tendência, obviamente, se acentuou. E aqui na Feira de Santana se firmou com o começo da pandemia. Pelas outrora agitadas artérias feirenses – avenidas Getúlio Vargas, Maria Quitéria e João Durval – é possível ver, sobretudo nos horários de refeição, motociclistas avançando, céleres, no trânsito fluido. Nos bairros com elevada concentração populacional – os modernos condomínios – a agitação é a mesma.
Quem compra desfruta da comodidade de receber o pedido em casa e se expõe pouco aos riscos de contaminação pelo novo coronavírus. Obviamente, desembolsa um pouco mais com a taxa de entrega, mas as vantagens mais que compensam: evitam-se deslocamentos arriscados, foge-se das aglomerações e, com isso, o risco de contaminação é bastante reduzido.
Infelizmente quem se expõe bastante é o entregador. Afinal, ele mantém contato direto com a clientela. E, até aqui, poucos circulam devidamente protegidos, com máscaras e luvas. Uma lei foi aprovada na Assembleia Legislativa obrigando as empresas baianas a fornecer esses equipamentos. É bom que haja fiscalização e que a exigência seja cumprida.
Afinal, esses bravos profissionais cumprem uma função essencial nesses tempos e não costumam ser reconhecidos. Às vezes, sequer mencionados. O direito à proteção constitui um primeiro e importante passo nessa direção.
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