E os dias vão passando, somando meses nesse isolamento forçado. Os casos da Covid-19 não param de crescer na nossa Feira de Santana. Diante desse cenário, o prefeito voltou a adotar medidas restritivas, decretando, mais uma vez, o fechamento do comércio, uma maneira de ampliar a taxa de isolamento social, sempre abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Agora, mais do que nunca, a ordem é ficar em casa.
Vivemos tempos estranhos, onde tudo acontece de modo virtual. Recentemente, fiz uma consulta médica por chamada de vídeo, a
telemedicina. Claro que não é a mesma coisa que uma consulta presencial, mas é o que temos no momento para as pessoas que, como eu, não devem sair de casa. Para conversar com familiares e amigos uso o mesmo recurso. Assim, posso ver o rostinho das pessoas queridas, matar a saudade dos filhos e netos.
Dia desses, uma amiga lojista me ligou acenando com liquidações, coleções novas e outros atrativos que fazem a alegria de toda mulher;
mandava até uma malinha com as peças para eu escolher em casa. Mas não preciso de roupas, o armário está cheio delas, há muito tempo sem uso. Não vou a lugar nenhum. Viajar então, nem pensar! Por enquanto só uso pijamas, de preferências os bem velhinhos, mais confortáveis.
Não vou mentir. Claro que sinto falta da rua, da lanchonete, do cinema, do shopping. Ah! As vitrines! Como era bom ver as novidades que os consumistas adoram. Parece até sonho que um dia percorri as alamedas dos shoppings, os corredores dos supermercados, as avenidas da cidade.
Quando tudo isso acabar, quero ir primeiro ao salão de beleza. Sério! Preciso urgente de uma repaginada na minha aparência! Quero sentar e deixar que as profissionais cuidem do meu cabelo, da pele, das sobrancelhas, das unhas. Uma faxina geral. Falando desse jeito até parece que não estou sequer tomando banho. Calma, não é bem assim, simplesmente trata-se da mais pura e completa vaidade, confesso.
Brincadeiras à parte, porque o assunto merece seriedade. Mas creio que é preciso relaxar nesse momento, deixar um pouco de lado os telejornais. Ficar somando o número de mortos e infectados só aumenta a ansiedade, preocupação, enfim, o medo de contrair a doença. Melhor é ouvir música, ler um bom livro, assistir filmes e séries interessantes, ligar para um amigo… tudo isso faz bem à saúde mental, recomendam as autoridades médicas. Para quem tem fé, rezar também traz um grande conforto, luz e esperança, quando tudo parece incerto.
Nas minhas reflexões sobre coronavírus, quarentena e outros senões, procuro ouvir o que nos diz a escritora chilena Isabel Allende. Ela aconselha a não viver com medo, porque nos faz imaginar o que ainda não aconteceu e sofrer o dobro. “Temos que relaxar um pouco, tentar apreciar o que temos e viver no presente”. Palavras alentadoras!
ilustração do artista plástico Jean Lima/Instagram- “Fé e Ciência”
Feira de Santana, 08 de julho de 2020
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