Depois de quase cinco meses, parte da rede de transporte intermunicipal de passageiros na Bahia vai ser reativada. É o que promete o Governo do Estado, caso a taxa de ocupação dos leitos de UTI permaneça abaixo de 70% até o começo da próxima semana. A linha mais tradicional – a Feira-Salvador – está entre elas. Assim, tudo indica que o Terminal Rodoviário da Feira de Santana vai ser reaberto, depois de um prolongado – e inédito – período de fechamento.
Mas, pelo que noticia a imprensa, a medida depende do ritmo de internação de pacientes. Sobretudo em relação aos casos mais graves, que demandam UTI. E tende a vir com restrições: a ocupação das poltronas nos ônibus não deve ser superior a 50% da capacidade. Com isso, avança-se mais um pouco na normalização das atividades. A pandemia do novo coronavírus, porém, permanece aí e não dá trégua: todos os dias registram-se mais de mil mortes no Brasil.
Há riscos de, lá adiante, a quantidade de casos subir novamente, forçando uma marcha-a-ré na liberação? Renomados infectologistas não descartam a possibilidade. Mas é inegável que a pressão pela retomada das atividades econômicas – mesmo que com as limitações apelidadas de “novo normal” – vem sendo intensa, não só aqui na Bahia. Não falta quem já se fie numa vacina que, a rigor, nem existe ainda.
O fato é que, aqui nas estradas que cortam a Feira de Santana, o ir-e-vir tende a se intensificar com a medida. Haverá mais gente pra lá e pra cá e, com isso, os riscos de contaminação tendem a subir. Com eles, a demanda por internação na rede pública que, a propósito, está bastante concentrada na Feira de Santana. Mas – dirão alguns, os pragmáticos acólitos do “mito” – o País não pode parar e, como repetem com frequência, só morrerão os que já estão para morrer mesmo.
O problema é que aqueles que eles consideram que já estão para morrer – idosos, portadores de doenças como hipertensão e diabetes – têm familiares que não desejam que eles morram. Vão, portanto, manter o cuidado, a cautela necessária. Com isso, a economia – e o consumo – vão seguir aí em ramerrão semelhante àquele que já se vê. Solução, mesmo, para todos os dilemas que se veem só virá com a vacina, cuja data é muito incerta, por mais que se diga o contrário.
O distanciamento social segue, portanto, como indispensável nessa fase da pandemia. E a criatividade – tão exaltada nos manuais de autoajuda do empreendedorismo – deveria combinar-se mais à tecnologia para mitigar os efeitos da Covid-19 nos negócios. A questão é que, apesar de todo o discurso, o empresário brasileiro é mais moroso e acomodatício que aquilo que se supunha na era pré-coronavírus…
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