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André Pomponet
domingo, 20 de setembro de 2020 / Publicado em Colunistas, Home

A crônica da fotografia à mesa do restaurante

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A placa branca anuncia o suco a 6 reais: abacaxi, laranja, goiaba. Mas o sabor regional está é nos sucos de murici, bacuri, graviola, cupuaçu. A letra trêmula, rabiscada com pincel atômico, também anuncia tamarindo, cajá, maracujá. Logo do lado, o título “cardápio” se anuncia numa letra verde, ondulada, noutra tabuleta. Nela – os pratos vão se renovando e são anotados a giz – estão as opções disponíveis por faixa de preço.

Mocotó, cozido de porco ou de boi, assado de porco ou de boi, bife acebolado – aquele habitual da cozinha nordestina – sai por R$ 18. É o mesmo preço do peixe serra, do cação ou da torta de camarão. Os bolsos mais recheados pagam R$ 20 pela tainha, pelo peixe pedra ou pelo exótico amor-sem-olho. A coisa vai se sofisticando: carne do sol, picanha, bode ao coco e pescada custam um pouco mais: R$ 25.

O camarão ao alho e óleo – frescos e robustos, pescados no litoral próximo – sai por R$ 36. É iguaria para turista extasiado que transita deslumbrado pelas vias estreitas e fervilhantes do Mercado da Praia Grande, ali no Centro Histórico de São Luís do Maranhão. O cardápio e os pratos estão disponíveis no Bar e Restaurante Proteção de São José. Cadeiras e mesas de madeira escura – aquelas de espaldar alto, de churrascarias de beira de estrada – contracenam com as mesas e cadeiras plásticas das cervejarias.

Bancários em traje social, turistas endinheirados, alternativos curtindo o Maranhão e trabalhadores das imediações alternam-se, apressados, nas mesas, cobertas com toalhas plásticas. O molho de pimenta, o azeite para a salada, o guardanapo de papel, estão disponíveis para a clientela. Na toalha há até um texto curioso, emoldurado por uma gorda galinha dourada, atribuído a Albert Einstein.

Por quê a descrição tão minuciosa do restaurante? Daquela experiência, ficou só a recordação do saboroso camarão ao alho e óleo. Banal, reconheço. A viagem – corriqueira nestes tempos de meios de locomoção velozes – é banal também. Mas por que a crônica? É que ela foi fruto de quatro ou cinco fotos. Fotos de celular: dos cardápios, das mesas, do cliente circunspecto que aguardava seu prato na mesa ao lado. Tudo rápido e prático, mas poderosamente fiel.

Mero registro documental, é verdade, mas que riqueza! Muito melhor que o bloco mesquinho de notas, da caneta azul, das notas rabiscadas com caligrafia enigmática até para quem escreveu. E – o que é a diferença fundamental – que riqueza de detalhes! O texto da anotação é pobre, dá conta limitada daquilo que se pretende registrar. A foto é mais rica, mais vibrante, mais viva. Mesmo que não seja produção sofisticada, do repórter fotográfico, não tire o fôlego quando se vê. Mas, pelo menos, firma a memória dos fatos.

Meses atrás fiz um texto sobre a ânsia viajante reprimida. Até escrevi sobre São Luís – seus sobrados, sua arquitetura portuguesa, o rio e o mar acobreados no entardecer espetacular –, mas aquilo foi impulso de nota, de sensações que a memória, traiçoeira, vai esfriando. Agora a crônica sai inspirada nalgumas fotografias captadas durante um almoço no mercado.

Com a memória visual, firmam-se as recordações, vívidas e ricas. Tudo graças ao prodígio da tecnologia contida num aparelho celular e ao sempre renovado milagre da fotografia!

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André Pomponet
André Pomponet
Economista pela Universidade Estadual de Feira de Santana (2002), mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (2012), exerce o jornalismo desde 1995, quando ingressou no extinto jornal Feira Hoje. Posteriormente, atuou em outros órgãos de comunicação e foi Chefe de Redação da Assessoria de Comunicação Social da Câmara Municipal de Feira de Santana.É colunista do Blog da Feira.
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