Hoje morar na Santa Mônica é sinônimo de status. Mas num passado recente o bairro era deserto e em suas ruas habitáveis haviam casas simples, construídas por trabalhadores que não podiam adquirir terrenos nos bairros próximos ao centro da cidade, evitando problemas com transporte e de toda uma estrutura necessária para se viver. Rapidamente o bairro foi invadido por febre imobiliária, surgindo os primeiros loteamentos, as primeiras casas de belas fachadas.
O bairro da Santa Mônica já viveu dias de cão quando não contava com calçamento e esgoto. Qualquer pingo de chuva descia como um dilúvio para os moradores, era impossível transitar nas ruas , mas crescia vertiginosamente o número de mansões construídas no bairro.
Em convênio com os moradores da Santa Mônica, a Prefeitura municipal conseguiu pavimentar e drenar, através da implantação de uma rede de esgoto, várias ruas do bairro: Adélia, São Raimundo, São Carlos. O projeto custou uma fortuna, mas a Prefeitura cumpriu o trato.
Mas o moradores da rua Nossa Senhora da Conceição não estão contentes com o projeto de urbanização do bairro. É que esta rua continua esburacada, e , segundo Francisco Pinheiro, morador do número 97, “quando chove ninguém consegue sair ou entrar em casa, por causa da lama”. Francisco reclama da falta de área de lazer e lembra um pouco da história do bairro: “Hoje, a maioria das casas deste bairro é de gente que pode. Mas há 21 anos, quando nós chegamos aqui, tudo isso parecia uma roça”.
Luiz José dos Anjos, que tem um bar-mercearia na rua Rio Amazonas, 485, defronte ao local onde está sendo implantado o condomínio Maison D’Etoile, pela Jandel Karr e Pela Ursa Maior, reclama da falta de segurança e do calçamento que ainda não chegou na sua rua. Ele atribui a existência de algumas “malocas” próximas ao Santa Mônica o alto índice de roubos que ocorre no bairro.
Extraoficialmente o bairro tem aproximadamente seis mil habitantes, conta com boas escolas particulares, dois colégios estaduais e uma escola técnica federal, especializada na formação de mão de obra de nível secundário. As ruas são limpas e arborizadas na sua parte mais nobre, onde os arquitetos esmeraram em projetos de vários estilos e gostos.
foto: 1984
Anchieta Nery, jornalista, escritor, professor universitário (nasceu em julho de 1954, faleceu abril de 2015)
NOTA DO BLOG DA FEIRA: O texto acima faz parte dos escritos de Anchieta Nery para a campanha política municipal de Feira de Santana em 1992, de José Falcão da Silva, então deputado e candidato a prefeito. São pautas e relatórios da série intitulada por ele de “Conhecendo os Bairros da Princesa”. Os textos, datilografados, estão colecionados em uma pasta em poder do Blog da Feira. A que está transcrita acima é datada de 15 de setembro de 1992. Leia a série completa.