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André Pomponet
segunda-feira, 21 de junho de 2021 / Publicado em Colunistas, Home

Carne em self service virou luxo de rico

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Lembro bem que, em 2018, os combatentes do “comunismo” diziam que o socialismo – muita gente acreditou na empulhação de que o Brasil marchava para um regime “socialista” – era a disseminação da pobreza, da miséria. Para freá-lo, era necessário optar pelos liberais, aqueles que eram porta-vozes de um novo tempo. Nele, a prosperidade aguardava quem se esforçasse o suficiente e acreditasse na meritocracia. Muitos incautos aderiram ao discurso com entusiasmo, julgando-se potenciais milionários logo ali na frente.

Deu no que deu. Há incontáveis perspectivas para analisar o atoleiro em que a extrema-direita meteu o Brasil. Escolhi uma, com a qual me deparei num prosaico almoço em Caxambu, no sul de Minas Gerais. Um curto período de férias e razões familiares levaram-me à agradável cidade do circuito das águas. E um almoço num restaurante espaçoso, mas vazio, conduziu-me a algumas constatações.

Num quadro na parede do restaurante que serve comida mineira, a clientela depara-se com o preço do quilo: R$ 48,90, no sistema self service. Estão lá, à disposição, o tutu, a couve, o arroz, o angu e outras iguarias da culinária mineira. Proteína animal resume-se a duas opções: linguiça ou frango assado. Os mais afortunados, porém, dispõem de mais escolhas: truta, salmão, contrafilé, filé mignon e tilápia grelhados. Custam bem mais: R$ 99,90 o quilo.

Não faz muito tempo, o brasileiro jactava-se de comer carne – muita carne – em restaurantes do gênero. As opções de proteína animal ficavam lá, democraticamente dispostas, à espera dos glutões. Restrição, mesmo, sempre houve só nos restaurantes populares, que despacham marmitas. Pois, pelo jeito, tudo mudou.

Naquela mesa defronte à tabuleta o desconchavo entre as promessas de 2018 e a realidade de 2021 avexou-me. Não foi difícil constatar que carne está virando especiaria, produto raro até na mesa da classe média. Quem quiser banquetear-se, vai passar por perdulário. Ou por rico. Exatamente o oposto do que a extrema-direita alardeava em 2018: ela própria vai, célere, alargando a miséria, que acossa até mesmo a classe média. Enfim: essa conversa de prosperidade, no fundo, não passou de ardil de campanha, que enganou muita gente.

Imagino que o expediente empregado pelo restaurante em Caxambu talvez esteja se disseminando pelo Brasil inteiro. A classe média vai, enfim, experimentar as agruras do populacho. Carne, agora, é coisa de endinheirado, de abonado. Assim como o gás de cozinha e a energia elétrica são luxo para o pobre. É bom não se assustar caso também se torne para a própria classe média, que vai desidratando, fenecendo.

Mesmo assim, é necessário sustentar o otimismo, mostrar-se patriota. Nada de criticar o governo. Criticar o governo é coisa de “comunista”, pelo visto. Mesmo com a barriga tinindo, o estômago pregado no espinhaço, o brasileiro tem que se mostrar estoico, sorrir, encarar o futuro com otimismo.

Felizmente, muita gente discorda disso. As manifestações de sábado, Brasil afora, mostraram que a anestesia ideológica não contaminou todo mundo…

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André Pomponet
André Pomponet
Economista pela Universidade Estadual de Feira de Santana (2002), mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (2012), exerce o jornalismo desde 1995, quando ingressou no extinto jornal Feira Hoje. Posteriormente, atuou em outros órgãos de comunicação e foi Chefe de Redação da Assessoria de Comunicação Social da Câmara Municipal de Feira de Santana.É colunista do Blog da Feira.
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