Mesmo distante da Feira de Santana, acompanhei com atenção o episódio envolvendo professores da rede municipal, vereadores e a Guarda Municipal na sede da prefeitura na quinta-feira (31). Desde então, foram lançadas dezenas de notas e cartas abertas, divulgadas centenas de versões sobre os fatos – talvez milhares – e emitidas milhares de opiniões e comentários nas mais diversas plataformas de comunicação, o que inclui desde o rádio até as novíssimas mídias sociais.
Quem chega depois no debate hesita em manifestar-se, em emitir uma opinião. Afinal, muitos já o fizeram, demarcando posição ou apenas expressando-se, exercendo um direito que, por enquanto, ainda não foi arrebatado do brasileiro. Assim, os retardatários arriscam-se a soar repetitivos, repisando aspectos já explorados em inúmeras análises.
Apesar dos riscos mencionados, é bom realçar – até repisar – que são assustadoras as cenas de guardas municipais avançando com cassetetes sobre os professores – recorreram até a extintores de incêndio – e, logo depois, o vaivém dos cassetetes, as ordens expostas aos berros. Lembrou muito a ditadura militar que, a propósito, na ocasião completou 58 anos.
Como se sabe, muitos anseiam por um novo ciclo ditatorial no Brasil, conduzido por Jair Bolsonaro, o “mito”. O próprio vive arrotando ameaças, prometendo escangalhar de vez a enferma democracia brasileira. Na Feira de Santana até pareceu que anteciparam um ensaio, porque as chocantes cenas no Paço Municipal lembraram exatamente regimes de exceção.
Note-se que o episódio na prefeitura findou, mas a greve dos professores, não. A categoria segue mobilizada e o episódio brutal – pouco comum por aqui desde o restabelecimento da democracia no Brasil – despertou a atenção da população feirense. Apesar dos ânimos acirrados, tomara que não se repitam as cenas de violência.
Torce-se, também, para que o Executivo abrace o diálogo como forma de resolução da greve e que cassetetes sejam empregados apenas contra quem, de fato, ameaça a ordem pública. Com estardalhaço, dias atrás, a prefeitura impulsionou uma campanha, a “Feira pede paz”, cobrando a redução da criminalidade. A campanha é oportuna, mas o Executivo deveria destacar-se como principal exemplo, o que não se verificou no lastimável episódio…
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