A sempre atenta imprensa feirense registrou o retorno presencial das celebrações católicas na Semana Santa. Ontem mesmo (10) houve a Missa de Ramos, que marca o início da Paixão de Jesus Cristo. Pelo que vejo no noticiário – e, sobretudo, nas mídias sociais – há uma extensa programação que vai se estender até o Domingo de Páscoa. Depois de dois tormentosos anos de pandemia, a normalização das celebrações resgata o ânimo dos católicos.
Não são só as atividades religiosas que estão sendo retomadas. No fim de semana houve shows, festas e paredões. No sábado, os sons de vozes e de músicas feriram o silêncio da noite, irradiaram-se em direção à amplidão. Evidente contraste com a quietude das longas – intermináveis – noites de apreensão por conta da Covid-19. E olhe que muita gente está sem dinheiro, por conta dos nefastos efeitos econômicos da pandemia. Mas, mesmo assim, aproveita a retomada.
Embora faltem mais de dois meses ainda, já se capta na atmosfera os primeiros sinais do São João. Tudo indica que, em 2022, as celebrações juninas serão retomadas. Nas emissoras de rádio – aqui ou ali – ouvem-se antigos forrós, que despertam nostálgicas sensações. É o prenúncio da maior festa nordestina, que se aproxima.
Há quem esteja mais adiantado que os baianos em relação ao calendário festivo. O Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, definiram a realização de um Carnaval extemporâneo, no feriadão da próxima semana. Fala-se nos desfiles das escolas de samba, mas a folia deve se irradiar, alcançando os blocos de rua. Em Salvador também acontecerão festas, mas particulares, em espaços fechados.
Coincidentemente, estas festas ocorrerão na mesma semana em que, normalmente, acontecia a Micareta da Feira de Santana. Por aqui não haverá nenhum evento – nem público, nem privado – engatando três anos sem a tradicional folia feirense. Simbolicamente, a Micareta foi a principal vítima da pandemia da Covid-19 na dimensão cultural. Quando, finalmente, será resgatada? A indagação ressoa no ar.
Os mais cautelosos veem precipitação na retomada de eventos com aglomeração. Há o receio de que surja uma nova variante, resistente às vacinas. Mas, com a situação da pandemia controlada no momento – e sendo 2022 ano eleitoral – e o cansaço das pessoas em relação ao isolamento, a pressão pela retomada é enorme. Político nenhum quer confrontar o eleitor em nome da prudência. Pode tirar voto.
Deve-se o avanço em direção à normalidade à ampla cobertura vacinal no Brasil. Mesmo com Jair Bolsonaro, o “mito” e sua trupe jogando contra, inventando dificuldade, a vacinação avançou, permitindo que, hoje, se viva uma situação mais tranquila, com óbitos em declínio. Não foi à toa que o próprio governador baiano, Rui Costa (PT), revogou hoje (11) a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes fechados.
Todo mundo torce para que, de fato, a pandemia esteja em declínio e que não sobrevenham novas ondas por aí. Há exaustão, cansaço com o prolongado período excepcional. Mas tudo indica que pelo menos a Semana Santa tende a transcorrer com a normalidade dos tempos pré-pandemia…
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