Os resultados alcançados pela mineração baiana colocam o estado entre os principais do Brasil. Mas, o escoamento do que é produzido por empresas de grande e médio porte é prejudicado pela falta de uma malha ferroviária eficiente, economicamente viável e que contemple rotas estratégicas.
A Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) vai realizar um estudo para retratar o cenário atual do transporte de carga ferroviário baiano e apresentar um projeto para destravar a logística que prejudica o desenvolvimento econômico do estado. O “Estudo de oportunidades em infraestrutura ferroviária no Estado da Bahia” será realizado pela Fundação Dom Cabral (FDC).
A Fundação Dom Cabral tem uma experiência de mais de 40 anos, já desenvolveu o Plano Estratégico de Ferrovias para o estado de Minas Gerais e realizou Estudos Logísticos Ferroviários a pedido da Federação das Indústrias do estado Espírito Santo.
“Há algum tempo, nós estamos alertando aos setores públicos e privados sobre a necessidade de criação de um sistema de transporte de carga ferroviário, sobre os inúmeros prejuízos para o estado pela falta do trem. Agora, nós teremos um diagnóstico extremamente especializado sobre as potencialidades logísticas do estado e proposições para implantação de um modal que atenda ao setor minerário e outros também”, diz Antonio Carlos Tramm, presidente da CBPM.
Para se ter uma ideia, em maio de 2022, a Produção Mineral Baiana Comercializada (PMBC) registrou um aumento de mais de 68% em comparação com mesmo período do ano passado, os valores saltaram de R$ 949 milhões para R$ 1,6 bilhão, segundo o Sumário Mineral divulgado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE). Especialistas acreditam que os números poderiam ser ainda maiores se o estado tivesse um transporte de cargas ferroviário moderno e ampliado.
“A situação atual da ferrovia no estado da Bahia não permite a inserção competitiva da economia baiana nos mercados nacionais e internacionais. A FCA/VLI (Ferrovia Centro-Atlântica /VLI Multimodal S.A.) não atende à prestação de serviços de transporte ferroviário de cargas com os padrões de capacidade, qualidade e competitividade requeridas pelo mercado. A dependência do transporte rodoviário para realizar a movimentação de mercadorias na longa distância, compromete a competitividade logística da economia baiana, criando obstáculos ao seu desenvolvimento”, destaca o economista e especialista em ferrovias Bernardo Figueiredo, que é ex-diretor geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O especialista lembra que a Bahia possui uma infraestrutura portuária com padrões considerados elevados pelo mercado e que pode ampliar a sua área de influência se contar com acessos ferroviários que conectem os portos com as regiões de produção e consumo. O estado tem três portos públicos – Salvador, Aratu-Candeias e Ilhéus, e sete Terminais de Uso Privado (TUPs).