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Batista Cruz
terça-feira, 23 de agosto de 2022 / Publicado em Colunistas, Home

Ladrões de batata-doce na casa de farinha

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Depois das brincadeiras da noite, a meninada, em grande algazarra, ia tomar banho no Velho Chico. Tinha dia que o caminho de volta era desviado para as casas de farinha de Lerina ou de Zé Quelé.

O forno aceso era sinal de que alguém estava em farinhada. Saíamos do rio diretamente para o pé do forno, onde o vai e vem do rodo, que espalhava a massa, possibilitava que assasse uniformemente.
Numa casa de farinha, os trabalhos são divididos. Os homens plantam e levam mandioca para o local do beneficiamento. As mulheres raspam o tubérculo. Eles levam para moer, prensam para secar. Elas fazem a goma e passam na peneira. Eles torram a massa.
Bem, não íamos com a intenção de ajudar. A nossa meta era procurar batata doce assando nas cinzas do forno. Os Paulo – Zé ou Mané, no comando do rodo era sinal que uma batata, das grandes, estava sendo assada para o lanche da noite – eles amanheciam na labuta.
Enquanto um grupo de meninos ficava enrolando os adultos, outros ficavam revirando as cinzas à procura do grande prêmio da noite. Tointile era craque nesta procura, que demorava alguns minutos e terminava com o troféu quente nas mãos. Desciam em disparada.
A meninada se escondia nas canoas amarradas à margem do rio, onde, rindo muito, comia a batata, ainda quente.
Outro ritual era esperar que o dono da batata fosse procurá-la, quando batia a fome, que devia ser grande devido ao empurra e puxa do rodo para o meio e a borda do forno. O vai e vem acontecia durante horas, até que a farinha estivesse no ponto de colocar nos sacos.
Víamos o homem virar e revirar as cinzas à procura do seu lanche. Quando encontrava era uma pedra grande, lisa e quente. A reação era todos os palavrões conhecidos e outros desconhecidos pela gente. A pressão deles devia subir, porque a raiva era grande.
Os homens ficavam arretados. Sabiam quem tinha levado a batata, mas não tinha como provar, porque ficávamos o tempo todo aos seus olhos, próximos do forno. Passada a raiva, eles escondiam outras batatas nas cinzas. De vez em quando reviravam as cinzas. Voltavam calados.
Fizemos esta malvadeza muitas e muitas vezes. Fizemos muita raiva aos Paulo, nossas vítimas preferenciais, e outros mexedores de farinha.

Batista Cruz é jornalista. O texto acima foi transcrito do Facebook

Foto ilustrativa de Hortência Santana

 

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