Tudo bem que o comércio da Feira de Santana perdeu um pouco do seu ímpeto nos últimos dias. Afinal, é janeiro. Mas quem circula pelas agitadas vias comerciais da cidade, mesmo nestes dias de relativa calmaria, vai notar a presença de orientais labutando por aí. Rostos chineses e coreanos – não sei se há a presença de outras nacionalidades aqui – vão, aos poucos, se tornando comuns na afamada Princesa do Sertão.
Não é só por aqui, aliás. Em São Paulo, são corriqueiros os rostos orientais na região da 25 de Março, pulsante artéria comercial da capital paulista. Alguém observará que a presença oriental por lá não é novidade, começou com a chegada dos japoneses décadas atrás. É verdade. Mas nos últimos decênios houve um novo impulso migratório, com milhares de chineses e coreanos espalhando-se pela pauliceia, dinamizando-a com seu trabalho, mas, também, com seu capital.
No Rio de Janeiro não foi diferente. No fervilhante Saara, entreposto de produtos importados no centro carioca, chineses e coreanos circulam com desenvoltura, aparentemente familiarizados com o calor dos trópicos e com a ginga fluminense. Por lá, não apenas mercadejam, como até mesmo vivem nos imponentes casarões em ruas históricas.
Até em Salvador – embora de maneira menos ostensiva – veem-se orientais pela avenida Sete de Setembro, junto ao Campo Grande, nas cercanias da praça Castro Alves. Sempre disciplinados e discretos, à frente de estabelecimentos comerciais, vendendo os produtos que seus patrícios fabricam no oriente remoto.
A Feira de Santana, obviamente, não escaparia ao radar chinês. Prestigiada cidade comercial, ocupa posição estratégica no entorno e sua influência se irradia por centenas de quilômetros, alcançando muitos milhares de consumidores Bahia afora.
Não foi à toa que os orientais aqui aportaram como dedicados trabalhadores e, sobretudo, como proativos comerciantes. Sua presença não se limita aos boxes do Feiraguay, estendendo-se por vias como a Conselheiro Franco, a Sales Barbosa e a Tertuliano Carneiro.
Talvez não faça pleno sentido – ainda – falar numa Feira Oriental. Mas o enérgico ímpeto comercial dessa gente já eletriza os corredores do Feiraguay, ruas e praças próximas, lembrando o frenesi de agitados entrepostos das megalópoles da vida. Aos poucos, também, nota-se que integram-se à vida local, mesmo sendo considerados arredios pelos feirenses.
Sim, o fato é que aos poucos começa a fazer sentido falar de uma Feira de Santana oriental…
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