Faz uma falta danada. Digo da ausência de pessoas geniais como Jorge Amado, Luis Fernando Veríssimo, João Ubaldo Ribeiro, Wally Salomão, Tom Jobim – e tantos outros que nem cabe citar aqui, uns malucos beleza, outros loucos de pedra e muitos irritantes a exemplo de Paulo Francis, pode ser sentida por quem tem um mínimo de sensibilidade, tanto nas páginas dos jornais, e claro, nas telas dos celulares, notebooks e meios; dos sites, blogs, portais e mídias sociais.
Tenho saudade de Luis Fernando Veríssimo, que está perto de fazer 90 anos de idade e vem cuidando da saúde depois de ter sofrido um AVC. Ele fez a apresentação do meu livro “Histórias da Bahia – Jeito Baiano), livro esgotado na nona edição, coisa de que sou extremamente agradecido e a última vez que o vi anos passados estava lépido e fagueiro tocando jazz (ele mora perto da rua onde minha falecida mulher morava), em Petrópolis. LFV o maior cronista do Rio Grande do Sul e que vem a ser filho de um dos maiores escritores brasileiros, o diplomata e pensador, romancista e cronista, Érico Veríssimo. Não o conheci. Luis Fernando está com enorme dificuldade de se expressar e é por isso que nunca mais vimos suas escritas geniais ou tiradas excepcionais como por exemplo: “Viva todos os dias como se fosse o último. Um dia você acerta.”
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Jorge Amado não foi somente o escritor genial que junto com sua troupe de outros escritores e artistas plásticos gestou a chamada “baianidade” e levou a Bahia e o Brasil a ser conhecido em tudo que é canto e recanto deste planeta. Era um grande amigo que também me fez o “favor” de apresentar um livro meu, justamente de título “Baianidade”. Jorge era amigo do mundo inteiro, um cara aberto, sem censura, sem frivolidades, sem preconceito e com muito respeito pelo ser humano. Respeitava as idiossincrasias o que é coisa rara. Coisa de poucos, mesmo os geniais. Eu tenho uma fobia inerente ao que Jorge passou. Morro de medo de ficar cego. Eu definharia como tenho certeza que ele definhou. Imagine ser cego quando se gosta de ler e de escrever. De ver a cara dos amigos, os olhos, a luz. Jorge era bom demais para o destino lhe pregar essa peça.
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Tenho saudade de João Ubaldo Ribeiro, que por sinal foi dos grandes amigos de Jorge Amado e de Luis Fernando Veríssimo e de Paulo Francis. Tenho a honra de ter acompanhado a criação do seu livro “Sargento Getúlio”, que o fez conhecido. E de ter sido o primeiro a ver sua felicidade – num dia qualquer da semana às 13h30 na redação da Tribuna e não lembro a data – quando soube que “Sargento Getúlio” tinha obtido das maiores e melhores críticas lá longe, no The New York Times”. Ele me abraçou e na redação estava eu, Waldemir Santana e não sei de Alex Ferraz ou Luiz Fernando (Lula Careca). Certa vez brigamos. Um redator colocou título numa matéria o chamando de escritorzinho (não foi maldade, era uma tentativa mal feita de criar um paralelo com a “poetinha” como Vinícius de Moares gostava de ser classificado). Ubaldo não entendeu e a direção do jornal pediu-me que fosse conversar e explicar a João Ubaldo lá em Itaparica. Expliquei e continuou sem entender e tivemos uma desavença. Logo depois ele mudou para o Rio de Janeiro, para o seu Leblon (o que gerou a maior ciumada entre os baianos), onde veio a falecer.
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Já Paulo Francis conheci quando fui passar uma pequena temporada na agência de propaganda DPZ, em São Paulo. O conheci num evento e ele não gostava muito de eventos por considerar que a conversa era sempre muito burra. Eu só escutava, claro. Mas podem falar o que quiserem desse escritor, homem verborrágico e que foi considerado um poço de preconceito, dizem até que em relação aos nordestinos, isso fruto de interpretações erradas do que falava e o que ele falava sobre a economia, a sociologia e geografia, geopolítica; era pertinente e tem quem fale hoje e seja um expoente da direita. Paulo Francis era mis anarquista que de esquerda ou direita. Veja como faz falta seu texto e sua fala, até mesmo para ser cotejada com toda a nossa realidade nacional e mundial.
Pena que não conheci pessoas geniais como Millôr Fernandes, Tom Jobim, Raquel de Queiróz, Carolina de Jesus. Mas também conheci um pouco Wally Salomão. Cara retado, estressado, fazedor, criador de caso, batalhador que não dormia. Criava, executava e sabia mandar, fazer. Claro que você pode discordar de tudo isso aí em cima. Mas eu sinto falta. E tem muita gente que acha o mesmo nesses tempos de vc, pq, ob e vl, dentre tantos espremer palavras.
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