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José Carlos Teixeira
sábado, 18 de maio de 2024 / Publicado em Colunistas, Home

Se o candidato do governo vai mal, bota a Sufotur na campanha eleitoral

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“Eu te amo, meu Brasil, eu te amo!/Meu coração é verde, amarelo, branco, azul anil./Eu te amo, meu Brasil, eu te amo!/Ninguém segura a juventude do Brasil” (Eu te amo meu Brasil, de Dom)

Naquele início de 1974, com trilha sonora da banda Os Incríveis e da dupla Dom & Ravel, o regime militar ainda mantinha a estratégia de turbinar o clima de ufanismo gerado pela conquista da Copa do Mundo de 1970. A farta propaganda oficial usava a conquista futebolística para celebrar o chamado “milagre econômico” – que supostamente iria retirar o país do subdesenvolvimento, mas acabou se revelando uma farsa.

Mesmo assim, nas eleições daquele ano, o MDB, o partido da oposição, aplicou uma acachapante goleada na Arena (Aliança Renovadora Nacional), o partido de sustentação do governo militar, conquistando 16 das 22 cadeiras de senador em disputa – assustando o regime e acelerando o processo de abertura política.

Naquele mesmo ano, foi eleito para a presidência da Fifa o cartola João Havelange (1916/2016), que dirigia a Confederação Brasileira de Desportos (a extinta CBD, que comandou todos os esportes olímpicos nacionais até 1979, quando houve um desmembramento e foi criada a CBF e outras confederações, uma para cada modalidade esportiva). Com isso, a CBD passou a ser dirigida por um militar, o almirante Heleno Nunes (1917/1984).

Nos quatro anos em que ficou à frente da entidade, Nunes tratou de ajustar os esportes nacionais, colocando-os a serviço da manutenção do poder militar. Tratou logo de ampliar o número de participantes do Campeonato Nacional para atender aos interesses da Arena em estados e municípios onde o partido governista se apresentava fragilizado.

Em 1975, primeiro ano da gestão de Nunes, o campeonato foi disputado por 42 clubes. O povo, sábio, cunhou e propagou a frase: “Se a Arena vai mal, bota mais um time no Nacional”. Houve reação de dirigentes arenistas de locais onde o partido ia bem, que se sentiram preteridos na festa. Nunes cuidou de ampliar ainda mais e em 1979, seu último ano à frente da CBD, o campeonato teve inacreditáveis 94 participantes. E o povo, sempre sábio, complementou: “Se a Arena vai bem, bota mais um time também”.

Tudo isso é história.

Logo na abertura de O 18 Brumário de Luiz Bonaparte (1852), o livro em que Karl Marx estabelece o papel da luta de classe como força motriz da história, ele diz que Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. Mas “esqueceu-se de acrescentar: a primeira como tragédia, a segunda como farsa”, frisou Marx.

Hoje não dá mais para sair aumentando o número de participantes dos campeonatos de futebol tão somente para turbinar candidaturas. São outros tempos. Há muitos interesses comerciais em jogo. Mas a história se repete, já agora como farsa: na Bahia, se o candidato do governo vai mal, chama-se a Superintendência de Fomento ao Turismo, a Sufotur, que ela logo providencia um grande show com artistas de sucesso para turbinar a candidatura governista.

Pelo visto até agora, a Sufotur (que nome, meu Deus!!!) terá um papel importante nas eleições municipais desse ano. Dinheiro não vai faltar. Não faltou no Carnaval do ano passado, quando ela começou a gastar muito antes de ser criada.

Isso mesmo, meu caro leitor, a Sufotur foi criada em 20 de fevereiro de 2023. Mas antes de nascer ela já contratava artistas para o Carnaval, que ocorrera duas semanas antes. E nem era ano de eleição.

É difícil de acreditar, gentil leitora, mas os contratos celebrados por um órgão do governo que sequer tinha sido criado foram todos validados. Foi apenas um escorregão do estagiário, explicou-se. Ao final, ficou tudo bem com o Tribunal de Contas.

Abonada, com orçamento aberto, a Sufotur fará este ano sua estreia na campanha eleitoral. Será um reforço precioso, acreditam os candidatos governistas, muitos deles já na fila das benesses, apostando em faturar prestígio e votos com os festejos juninos.

A política sempre esteve amarrada à dupla pão e circo. Mas pesquisas recentes indicam que, mais do que sanfona e zabumba, dois fatores atuarão fortemente na decisão de voto dos baianos: segurança e saúde. E nesse campo, por enquanto, nada a festejar.

 

José Carlos Teixeira é jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político, mídia, comportamento eleitoral e opinião pública pela Universidade Católica do Salvador.

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