O botânico Luciano Paganucci de Queiroz, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana faz parte da equipe de pesquisadores que elaborou um novo mapeamento do Nordeste. Os pesquisadores fizeram “uma proposta de reclassificação, detalhada em um artigo de 59 páginas a ser publicado em breve na revista especializada The Botanical Review, do Jardim Botânico de Nova York, nos Estados Unidos, onde divide a Caatinga em 12 subunidades biogeográficas, de acordo com uma abordagem que considera a distribuição espacial de espécies endêmicas (exclusivas), derivada principalmente do tipo de solo
A reportagem completa sobre esse trabalho, de autoria de Carlos Fioravanti, está publicada no site da Revista PesquisaFAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
“A Caatinga são muitas Caatingas”, sintetiza a botânica Daniela Zappi, uma das autoras do trabalho. Ela percorre o sertão do Nordeste desde 1987 em busca principalmente de cactos, aos quais dedicou o mestrado, o doutorado e boa parte dos 23 anos em que trabalhou no Kew Gardens, no Reino Unido, antes de voltar ao Brasil e dividir-se entre instituições de pesquisa de Belém e Brasília.
Juntaram-se a ele dois geógrafos especializados em mapeamentos, Rubson Maia, da própria UFC, e Luis Costa, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), em Minas Gerais. Também conseguiu atrair o interesse de quatro botânicos: além de Zappi, Nigel Taylor, botânico aposentado do Jardim Botânico de Kew, Vivian Amorim, da Universidade Federal do Cariri, e Luciano Queiroz, da Universidade Estadual de Feira de Santana, na Bahia. Zappi e Taylor são especialistas em cactos, Amorim em asteráceas, uma família botânica ampla, com 32 mil espécies, e Queiroz em leguminosas, família com 19 mil espécies.
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LUCIANO QUEIROZ – Luciano iniciou a carreira botânica como aluno do Curso de Biologia da Universidade Federal da Bahia – UFBA em 1976 e mesmo contra a vontade dos pais que o desejavam como médico (chegou a passar no vestibular de Medicina, mas nunca cursou) foi fazer Biologia, para se especializar em Botânica. Ainda na Graduação participou ativamente dos Projetos de levantamento da lista da Flora de Pedra do Cavalo, onde foi produzida coleção expressiva da flora da caatinga dos arredores de Feira de Santana e das dunas do Abaeté em Salvador, que foi o seu segundo trabalho publicado. Após ser contratado como Professor Auxiliar na Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS fez o Mestrado na Universidade de Campinas – UNICAMP (1991) e o Doutorado na Universidade de São Paulo – USP (1991). Apesar de gostar das Orchidaceae (seu primeiro trabalho foi feito com essa família), foi estudando as Leguminosae que desenvolveu a maior parte da sua carreira, e continua até o presente, associando a taxonomia com várias outras áreas da botânica, ao mesmo tempo que estuda o bioma das Caatingas onde essas são predominantes. Ainda na década de 1990 coordenou o importante projeto das Leguminosas das Caatingas, com financiamento do Programa Plantas do Nordeste, o que propiciou a publicação do livro com o mesmo nome (2009), que é uma referência para a família na região nordestina. Como Professor na UEFS, Luciano ajudou a coordenar a formação do Grupo de Sistemática de Angiospermas da UEFS e o Programa de Pós-Graduação em Botânica onde já foi coordenador por dois mandatos, além de ser Curador do Herbário HUEFS desde a década de 1990, sendo um dos primeiros no país a ter as exsicatas com fichas digitadas no Programa de Herbário 2.0, por ele desenvolvido. Atualmente, praticamente todo o herbário que contém mais de 250 mil espécimes, está disponibilizado on line. Luciano publicou 244 trabalhos em revistas especializadas em Botânica, dos quais 10 apenas em 2023.