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Não, não houve erro de digitação no título. Não me referia a trompetistas feirenses. Nem sei se há, se são muitos. Provavelmente existem em menor quantidade que os trumpistas. Pois há, de fato, trumpistas aqui na Feira de Santana. Ontem (20) era visível o entusiasmo de alguns deles com a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Encontrei um deles durante o almoço:
– Só falta dar um jeito agora no Brasil! – Esfregava as mãos.
Segundo ele, os petistas são responsáveis pelos recentes aumentos do preço da gasolina na Bahia. “Quero ver até quando vão aumentar!”, resmungava. Até pensei em recordar que, na Bahia, a distribuição do produto é feita por uma empresa privada, pois a refinaria foi privatizada. Privatizada no governo de quem? Do “mito” de quem ele – imagino – seja acólito.
Mas é melhor não tentar esclarecer. Sabe-se que os acólitos do “mito” vivem numa realidade alternativa, com direito aos próprios fatos e a singulares interpretações deste mundo à parte. Desgasta-se quem debate, perde tempo. É melhor deixá-los felizes com o retorno de Donald Trump.
O problema é que, no mesmo dia, Trump resumiu o que pensa sobre o Brasil e a América Latina: “Não precisamos deles. Eles precisam de nós. Todos precisam de nós”. Inicialmente pensei que o menosprezo demonstrado pelo mandatário norteamericano entristeceria os acólitos do “mito”. Mas, pensando melhor, acho que não.
A sabujice em relação à América tem nome aqui: síndrome de vira-latas. Pois a coisa escalou – para usar um termo da moda – e, agora, sequer se é um reles cachorro. Pelo que disse Trump, não somos nada. Mas muitos seguem aí, submissos, balançando seus rabos imaginários.
É necessário reconhecer: é cômodo ser trumpista aqui na Feira de Santana. Muitos deles jamais pisarão o solo dos Estados Unidos. Não sofrerão, portanto, as humilhações reservadas para muitos estrangeiros que estão por lá. Não serão insultados, esculachados, nem agredidos. Poderão, tranquilamente, exaltar as imensas virtudes do trumpismo a uma cômoda distância.
O problema é que, pelo que se prevê, poucos passarão incólumes pelo trumpismo mundo afora. O infortúnio pode chegar até àqueles que, com línguas imaginárias, tentam lamber as mãos do iracundo presidente dos Estados Unidos…
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