×
Blog da Feira
  • Cidade
  • Cultura
  • Colunistas
  • Política
  • Distritos
  • Quem somos
Blog da Feira
  • Cidade
  • Cultura
  • Colunistas
  • Política
  • Distritos
  • Quem somos
Avatar photo
André Pomponet
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025 / Publicado em Colunistas, Destaques, Home

Crônica da passarela solitária

Compartilhar:

  • WhatsApp
  • Facebook
  • Bluesky
  • Twitter
  • Telegram
  • LinkedIn
  • Threads
  • Mais
  • Imprimir
  • E-mail
  • Reddit
  • Tumblr
  • Pinterest
  • Pocket

Quem viu a construção ficou logo imaginando que o equipamento estava fadado ao frenético ir e vir de passantes. Afinal, ligava o Terminal Central ao festejado Shopping Popular. Trata-se da passarela sobre a Rua Olímpio Vital, que interliga os dois espaços. Pois quem imaginou se enganou: a feia construção acinzentada vive deserta, parece que liga o nada a lugar algum, como se diz popularmente.

Quem sai do Shopping Popular se impressiona com o cinza que prevalece ali. Cinza das fachadas das lojas fechadas, cinza das portas metálicas cerradas, cinza da estrutura da passarela. Cinza até do céu feio, encoberto, que anunciou uma chuva que não caiu.

Trafegando sobre o equipamento – no sentido norte-sul – o pedestre ouve sob seus pés o ronco dos motores, o grito estridente das buzinas, imprecações de pedestres, motociclistas e motoristas; poder-se-ia dizer que os mais sensíveis até “ouvem” a tensão do trânsito feirense, intenso e caótico por ali.

Examinando a paisagem, a oeste, vê-se o cruzamento da Canal com a Olímpio Vital, as rochas acinzentadas que revestem o canal propriamente dito, o casario de cores pardas da Rua Nova – há cinza também! – e, mais à frente, as famosas colinas que circundam a Feira de Santana naquelas paragens. São verdes, azuladas, mas, nas tardes sem sol, são, também, acinzentadas.

A leste, o aclive lento conduz ao concreto acinzentado, esbranquiçado, do centro da cidade. Na Olímpio Vital, porém, há árvores, o verde, cujas copas encobrem o tom acinzentando que prevalece sobre os funcionais edifícios comerciais.

No terço final do percurso sobre a passarela o passante se depara com os despojos de algum desafortunado que vive pela rua. Às vezes ele está por lá. Mas na ocasião só havia um encardido colchão de espuma, papelão, roupas sujas, restos de uma fogueira, um capacete, um caderno escolar.

No trecho final – já na rampa – a provação final de quem se arrisca a enfrentar a solidão da passarela: vestígios de fezes e de muita urina, capazes de embrulhar qualquer estômago. Fedem e deixam marcas, impregnando-se como manchas cinzas sobre o piso de concreto.

Depois de muito reter a respiração, o passante descobre que, finalmente, chegou ao Terminal Central…

  • Sobre
  • Últimos Posts
André Pomponet
André Pomponet
Economista pela Universidade Estadual de Feira de Santana (2002), mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (2012), exerce o jornalismo desde 1995, quando ingressou no extinto jornal Feira Hoje. Posteriormente, atuou em outros órgãos de comunicação e foi Chefe de Redação da Assessoria de Comunicação Social da Câmara Municipal de Feira de Santana.É colunista do Blog da Feira.
André Pomponet
Últimos posts por André Pomponet (exibir todos)
  • É salutar discutir a Micareta - 14/05/2025
  • Um “Quarteirão Cultural” para a Feira - 24/04/2025
  • Uma notícia alvissareira - 22/04/2025

Compartilhar:

  • WhatsApp
  • Facebook
  • Bluesky
  • Twitter
  • Telegram
  • LinkedIn
  • Threads
  • Mais
  • Imprimir
  • E-mail
  • Reddit
  • Tumblr
  • Pinterest
  • Pocket

Relacionado

Privacy & Cookies: This site uses cookies. By continuing to use this website, you agree to their use.
To find out more, including how to control cookies, see here: Política de privacidade

Arquivos BF






Blog da Feira: Jornal de Notícias de Feira de Santana

© 2023 Janio Costa Rego Comunicações - Todos os direitos reservados
Política de Privacidade

TOP
Blog da Feira