
Por trás do prédio do Clube Ali Babá, na Ladeira do Tanque da Nação, está a Vila Santa Cruz. Um local reservado, bucólico e silencioso, onde durante muito tempo existiu um cruzeiro próximo a uma das fontes d’água que existiam no local. Conta a lenda que a cruz foi erguida para aplacar os “gritos da alma” de um homem morto afogado em um dos tanques existentes na área. Os artistas que iam se apresentar, entravam pela vila onde existe um portão que dá acesso ao clube. Moradoras do local lembram, com saudades, como era movimentada a chegada dos famosos, como Wanderley Cardoso, José Ribeiro, Waldick Soriano e até Pablo do Arrocha, além do grupo Violão de Ouro que tinha “cadeira cativa” na grade de atrações. “Era tão bom! As festas não incomodavam ninguém, dormíamos tranquilas”
Sempre foi um clube de perfil popular. Começou como um bloco micaretesco – “Ali Babá e os 40 Ladrões” – formado por pessoas do bairro e que, de tanto sucesso (saia com cerca de 500 pessoas), tornou-se um clube social. São considerados seus fundadores o conhecido desportista Manoel de Emília, além de Luizão Borracheiro, Antonio Pirulito e Aroeira. Esses foram os baluartes”, lembra um vizinho do prédio, nascido no bairro, Rosalvo Silva, ou melhor, o famoso ex-jogador Neinha, (ex Fluminense de Feira, ex Fluminense do Rio de Janeiro e de diversos outros times brasileiros e no exterior).
Depois dos “baluartes” o clube ainda teve momentos dourados, com a direção de Joel e Jair Almeida. Foi um tempo de “renascimento”, com festa quase toda a semana e frequentadores fiéis. Um desses, foi o fotojornalista Reginaldo Pereira (autor das fotos dessa página) que mobilizava grupos de amigos e colegas para as festas dançantes do Aliba.
Em 2010, ainda atuante, o clube trouxe para Feira o cantor brega Reginaldo Rossi, um dos shows mais concorridos na história do clube. Depois desse show, ainda aconteceram outros mas logo veio a decadência e em seguida a paralisação total. Hoje é um prédio fechado, praticamente sem dono (pois tem figura jurídica de clube social), mas aparentemente conservado. Atualmente está, ironicamente, com a fachada toda pintada de preto, como se estivesse de luto pela morte da alegria que viveu ali por um bom tempo.
fotos:Reginaldo Pereira