
Imponentes edifícios de apartamentos, espaçosos, confortáveis; bares, restaurantes, clínicas de estética, academias de ginástica, lojas de grife, de roupas e calçados; Residências grandiosas, de dois pavimentos, garagens e jardins, protegidas por muros altos e cercas elétricas; terrenos enormes, cercados por muros que exibem pinturas recentes de “vende-se” e prometem novas construções imponentes para adiante.
Mas também antigos botecos encardidos, com seus biriteiros vadios; imóveis antigos, acanhados, descascados, com seus humildes habitantes; casas modestas, antiquíssimas – relíquias de uma outra Feira – fechadas, à venda, aguardando compradores, enquanto vão se decompondo.
Hoje é impossível enxergar um padrão homogêneo no bairro Santa Mônica. Mas, examinando com vagar, é possível enxergar tendências de longo prazo. Dentro do Anel de Contorno, o bairro já abrigou parte da elite feirense décadas atrás, quando de fato a cidade começou a se expandir. Depois, em alguma medida, perdeu a badalação.
Mas, aos poucos, começaram a chegar os arranha-céus, com seus apartamentos confortáveis e varandas espaçosas; lojas acessíveis a poucos bolsos, com suas vitrines discretas; bares e restaurantes seletos, desses em que os dublês de rico não são habituées. O bairro também ganhou pavimentação e uma zeladoria urbana mais caprichada.
Com esse movimento, os mais pobres – concentrados em algumas ruas – começaram a migrar. Daí a profusão de modestos imóveis à venda, da redução da população mais humilde que fixou residência por ali há muitos anos. O comércio que surge, por sua vez, é para atender a uma clientela bem selecionada.
Em paralelo a tudo isso, segue a ocupação vertiginosa do SIM e de suas cercanias. Vendeu-se, durante muito tempo, a versão de que aquelas paragens abrigariam a elite feirense, que é bairro de abastados. Pontualmente, sabe-se que até há gente endinheirada. Mas prevalecem os dublês de ricos por lá.
Aparentemente, a elite feirense – aquela mais tradicional – não caiu na tentação de migrar do interior do Anel de Contorno. Afinal, queira-se ou não, o que há de mais importante na vida da cidade se passa nesse perímetro. Então ela permanece – é possível até que parte tenha migrado – ali bem instalada na Santa Mônica.
Antigo recanto dos abastados feirenses, a Kalilândia converteu-se num bairro quase estritamente comercial. Não concorre mais com a Santa Mônica, que permanece como referência, sobretudo com a reconfiguração que está em curso.
Não, nenhum estudo, levantamento estatístico ou entrevista com especialista embasou essas observações. São fruto do simples flanar e, provavelmente, embute inúmeros erros. Mas, em alguma medida, reflete em parte o que se apresenta como o recente cenário urbano da Feira de Santana.
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