
Quando chegamos ele estava resenhando com amigos, numa algazarra de meninos felizes. Cadeira na soleira da porta, aproveitando a sombra das árvores frondosas da pracinha defronte, na ladeira da rua Acácia, na Rua Nova. É alí que mora Gilmar Luiz de Santana, o lendário Biribinha. A algazarra aumentou quando ele viu Reginaldo Pereira, não o fotojornalista, mas o menino Regi, parceiro de traquinagens na Rua de Aurora e Baixinha da Égua e dos babas no campo do Horto, de onde saíram, um para brilhar nos estádios de futebol e o outro nas redações do jornalismo impresso do Brasil. Exceto eu, quase todos ali tinham laços de infância feirense e logo um turbilhão de memórias e referências explodiu, aceleradas, intercaladas por risadas e expressões do futebol. Uma movimentada e barulhenta cena de um documentário que ainda não foi feito, mas cuja música de fundo certamente seria “Biribinha nos States”, o chorinho que os “Novos Baianos” fizeram quando ele foi jogador profissional nos EUA. (Quando jogou no Vasco, Biribinha foi frequentador semanal da chácara onde viveu aquele grupo talentoso). Dentro de casa, fotografias nas paredes e sobre móveis relatam pequenos momentos da trajetória futebolística dele, no Juvenil do Vasco, com Pelé , com atletas nacionais e estrangeiros com quem conviveu ou conheceu ao longo de uma carreira agitada e polêmica. Para alguns, Biribinha perdeu oportunidades e paga um preço pela irreverência, podia estar rico e ostentando. Mas não é o que diz a alegria estampada no seu rosto miúdo ao falar sobre o que viveu e vive: nenhum ressentimento, nenhum arrependimento. Biribinha está em paz consigo mesmo, com a vida e com a Feira que ele ama.
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