
O Festival de Sanfoneiros da UEFS, que nasceu como festa do povo e para o povo, virou um evento “instagramável”: luzes perfeitas, ângulos calculados, corações com as mãos, mas… sem forró de verdade. O chão onde antes se dançava virou cenário estático, ideal para stories, mas impraticável para um xote ou um arrasta-pé. A cultura popular foi domesticada, empacotada para likes, enquanto os sanfoneiros das feiras — os legítimos — assistem de longe. O forró, que sempre foi suor, poeira e abraço, agora é pose, filtro e legenda.
O Festival de Sanfoneiros da UEFS, que era pra ser um terreiro de alegria, virou vitrine de doutores empinados, tocando sanfona como quem resolve equação, e não como quem chama o povo pra dançar. Antes, era suor, poeira, sandália arrebentada no salão; agora, é só cenário ajeitado, iluminação calculada e um monte de gente se fotografando com aquele sorriso de quem nunca ralou a sola no chão batido.
O forró, que era um convite ao abraço e à festa, virou espetáculo pra “instagramação”. E quem quiser dançar, que vá procurar outro canto, porque ali o que vale é a pose, o filtro bonito e a legenda engenhosa. A cultura popular, coitada, virou adorno de auditório. E eu, que sou homem do Sertão e do povo, só posso lamentar: mataram a festa pra fazer exposição.
Pajeú da Candeia Grossa é pseudônimo de um colaborador do Blog da Feira que, por razões de foro íntimo e outras, não quer ser identificado pelo corpo docentes e administrativo da UEFS