
Cordelistas, cantadores, declamadores, admiradores deste gênero da literatura popular, além de vendedores de xilogravuras e folhetos, prestigiaram o encontro destes artistas, realizado hoje (n quinta-feira, 5,)no MAP (Mercado de Arte Popular). O evento foi marcado por uma dupla homenagem. A primeira, pela passagem do Dia Municipal do Cordel, e a segunda, pelo aniversário do poeta popular feirense Antônio Alves. Ambas as datas comemorativas são celebradas no dia 7.
“O cordel é tudo para mim”, afirmou o violeiro Domingos Santeiro, que carrega a profissão no nome. “Me dá alegria de viver. É tudo de bom.” Centenária, a arte ainda terá vida longa, na opinião dele. “Enquanto tiver papel, lápis e poeta, o cordel não vai morrer”.
Francklin Maxado, dono de uma longa e produtiva história neste gênero, disse que o encontro é uma forma de manter viva a literatura de cordel e um ato de resistência. “É uma manifestação que mostra toda a grandiosidade do sertanejo, do matuto, porque é uma literatura feita por eles e para eles”.
O poeta e cantador Jurivaldo Alves analisa que Feira, por ser uma cidade com fortes tradições sertanejas, mesmo no limite geográfico com o Recôncavo, ainda se mantém forte neste gênero, com cantadores e cordelistas de alto nível.
“Cantar cordel é uma arte sertaneja, e Feira a mantém viva”, disse. Contou que, antes de se tornar cordelista, foi folheteiro e percorria as feiras-livres do interior baiano, contando histórias e vendendo os livrinhos. “Não sabia ler e decorava tudo o que era contado por amigos”.
Numa banca, Luiz Natividade oferecia aos interessados folhetos e xilogravuras – os desenhos usados para dar forma às histórias. “Xilogravura e cordel não andam separados. Uma arte completa a outra”.