
No coração de Feira de Santana, erguido como símbolo de modernidade e progresso, um grande relógio domina a paisagem da avenida Getúlio Vargas. Presente do Rotary Club à cidade, inaugurado em 1997, o monumento poderia ser um marco de orgulho e pontualidade. Mas virou, há anos, apenas enfeite. Um enfeite que atrasa. Um relógio que não marca hora. Um monumento ao descaso.
O problema é crônico. O equipamento vive desajustado. Às vezes atrasa, às vezes adianta, quase nunca acerta.
E o mais curioso: ninguém sabe ao certo de quem é a responsabilidade. Prefeitura? Rotary? Uma parceria invisível? Enquanto isso, o feirense segue vivendo seu cotidiano sem saber se pode ou não confiar no tempo estampado em pleno centro da cidade.
O feirense já cansou de reclamar. A cena virou paisagem. Virou meme urbano. Mas e quem vem de fora? Que impressão leva de uma cidade cujo relógio mais visível não funciona? Que aqui o tempo parou? Que pontualidade é opcional?
É simbólico. Feira de Santana, que se orgulha de ser a ‘Princesa do Sertão’, não merece carregar um monumento que mais parece deboche. Não é pedir muito, um relógio funcionando, em pleno centro, deveria ser o mínimo.
Se ninguém se responsabiliza, então que se remova o relógio ou que se coloque ali um letreiro honesto: “Atenção: este relógio é apenas decorativo. O tempo real segue em outro lugar.
Everaldo Góes é jornalista, historiador graduado na UEFS, responsável pelo site digital FeiraHoje