
O reconhecimento do talento como ator do multifuncional ‘soterodelense ou rodelopolitano’ Wagner Moura, como melhor ator no prestigioso Festival de Cannes, feito inédito no cinema nacional, tem gênese na companhia Guterchaplin, fundada por Rangel Amaral, em Rodelas, terra dos pais do ator – Zé Moura e Alderiva, onde ele morou durante alguns anos quando criança.
Levar para casa o troféu de melhor ator em Cannes, o maior e mais competitivo festival de cinema do mundo, não é para qualquer um. Até o próximo ou durante muitos anos, Wagner será o único brasileiro a expô-lo em um lugar de honra na sua lotada galeria.
Foram naquelas apresentações, nos dramas, como se dizia antigamente no sertão, que o hoje consagrado Wagner Moura fez as suas primeiras interpretações. A semente para a sua decisão pessoal para seguir nos palcos e, posteriormente nas telinhas e telonas, foi plantada lá nos anos 80. Pisou na merda e prosseguiu, em palcos mais visíveis, a busca dos seus sonhos e realizações pessoais. A semente germinou, cresceu e a árvore gerou frutos. E que frutos.
Conseguiu e se tornou orgulho nacional e de seus conterrâneos. O impagável capitão Nascimento se tornou um personagem real. Policiais queriam ser ele. O país passou meses falando neles: em Wagner e no capitão. Na veracidade da interpretação. “Tropa de Elite” I e II, foram divisores numa carreira já consolidada. Rompeu os limites municipais, as divisas estaduais, mais as fronteiras, e se tornou cidadão do mundo, sem perder a sua essência.
Há anos o ator, diretor e outras coisas mais no set, está nos holofotes e na mira da mídia especializada. Suas interpretações convencem – o seu capitão Nascimento será parâmetro para outro personagem de filme de temática policial, a direção é segura. Os prêmios que conquistou ao longo da carreira mostram o seu talento. O menino que tem origens no Penedo e nos Olhos D’água virou uma estrela.
De quando em vez Wagner fala das suas origens rodelenses. Dia desses, vi uma entrevista dele no Youtube – antiga, acredito, onde ele mostra uma tatuagem de um fícus em um dos braços, feita em homenagem a uma árvore que existia à frente da casa de Teodomiro, do outro lado da rua onde ficava a casa do avô dele, Ademar de Zeca, a cidade que foi inundada pelo lago da barragem de Itaparica no final dos anos 80.
Batista Cruz é jornalista, mora em Feira de Santana e nasceu em Rodelas,Bahia.