
Nos últimos dias, autoridades de saúde e de segurança em nível nacional acenderam o alerta máximo para uma onda de intoxicações por metanol, um tipo de álcool altamente tóxico, associadas ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas.
Embora o surto atual esteja sendo registrado principalmente em São Paulo e Pernambuco, Feira de Santana já teve um caso confirmado de bebida adulterada.
Um morador da cidade nos enviou, sob condição de anonimato, um relato acompanhado de um laudo laboratorial emitido pela Diageo (produtora da marca Smirnoff). O documento atesta que uma amostra de vodka adquirida em uma distribuidora local não possuía as características químicas, físicas e sensoriais de um produto original da marca, concluindo que se tratava de uma bebida adulterada.
É importante destacar que o laudo não identificou metanol na amostra, mas deixou claro que o líquido não correspondia ao padrão genuíno da fabricante.
Segundo o Procon de Feira de Santana, até a presente data não há qualquer notificação formal registrada envolvendo essa denúncia específica. No entanto, o órgão informou que está em alerta e recomenda aos consumidores que denunciem qualquer suspeita por meio dos canais oficiais.
Para fazer uma denúncia ao Procon de Feira, o consumidor pode utilizar o aplicativo “Procon Feira de Santana”, que permite registrar práticas abusivas e acompanhar o andamento das denúncias.
Também é possível contatar o Procon pelo telefone (75) 3603-2800, ou presencialmente na sede situada à Rua Castro Alves, nº 635, Centro durante horário de atendimento.
Além disso, consumidores da Bahia podem usar o formulário eletrônico da Procon-BA para denúncias, ou enviar mensagem ao e-mail denuncia.procon@sjdhds.ba.gov.br.
Surto nacional: 43 casos já monitorados
Até agora, foram notificados 43 casos de intoxicação por metanol em todo o Brasil, sendo 39 no estado de São Paulo (com 10 confirmados e 29 sob investigação) e 4 em Pernambuco. Em São Paulo, já são cinco mortes confirmadas e outras permanecem sob apuração.
As ocorrências recentes são consideradas atípicas porque, diferentemente de surtos anteriores, envolvem bebidas destiladas de marcas conhecidas (vodka, gin, uísque) e consumo social não mais apenas de postos ou de origem duvidosa.
Para coordenar as ações, o Ministério da Saúde criou uma Sala de Situação e determinou que todos os casos suspeitos sejam notificados imediatamente pelos serviços de saúde. Também foi aberto um inquérito pela Polícia Federal para rastrear a origem do metanol utilizado nas falsificações e investigar redes criminosas possivelmente envolvidas.
O que é o metanol e por que é tão perigoso? –
O metanol (álcool metílico) é uma substância química usada na indústria, por exemplo, na fabricação de solventes, combustíveis e outros produtos, mas nunca deve estar presente em bebidas destinadas ao consumo humano.
Quando ingerido, o organismo converte o metanol em formaldeído e ácido fórmico, substâncias tóxicas que atacam o sistema nervoso, podem levar à cegueira permanente e causar falência de múltiplos órgãos ou morte.
O que a população deve fazer –
• Evite comprar bebidas em estabelecimentos sem procedência: prefira redes confiáveis, supermercados e lojas licenciadas.
• Verifique lacres, rótulos e selos fiscais: embalagens malfeitas, preços baixos demais ou rótulos borrados são sinais de alerta.
• Se consumir e notar sintomas incomuns, procure atendimento médico imediato e informe a suspeita de bebida adulterada.
• Registre denúncia formal: leve o produto suspeito à Vigilância Sanitária municipal, Polícia Civil ou Procon.
Dandara Barreto é jornalista, apresentadora do programa TransNotícias