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Romildo Alves
sexta-feira, 17 de outubro de 2025 / Publicado em Colunistas, Destaques, Home

Benzeções e Dois sóis

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Há quem nasceu em berço de ouro, e há quem nasça em berço de rio mesmo. Percebamos aqui as diferenças do verbo nascer, pois quem nasce é mais rico do que quem nasceu.

Quem nasceu em berço de ouro permanecerá indefinido em meio ao também indefinido tudo que julga ter, só nasceu, não nasce mais.

Quem nasce em berço de rio tem corpo de rio, é uma extensão de suas águas, margens, cursos e mistérios. Nasce infinitas vezes. Possui nome composto de ancestralidade, a pluralidade polissêmica de *Dois sóis* num céu irmanado com a terra e as águas, tal qual a obra e a escritora, Roberta, que também é Marisa.

Escrevo aqui uma crônica sobre as obras de Roberta Marisa, poeta do verso e da prosa, ribeirinha do Rio Branco – Acre.

Fomos apresentados um ao outro numa manhã de sol escaldante, na quente cidade de Ibotirama-BA, que nasce sempre do rio São Francisco. Comprávamos sandálias de couro, procurávamos um chinelo para os nossos pés, levados pela poesia àquelas bandas de Brasil.

A apresentação ficou brevemente pendente, à noite, nossas apresentações naquele festival de poesia nos premiaria também com a poesia de cada um, nossos poemas, meus cordéis e seus livros.

Antes de me presentear com *Benzeções* e *Dois sóis*, tivemos um almoço à beira do rio regado por histórias de vidas tão diferentes. Foi o suficiente para saber um pouco do seu mundo. Nunca havia conversado com alguém que me narrasse sobre seu universo ribeirinho.

Artista plástica, Roberta viveu muito tempo com a vó/mãe de quem aprendeu a arte de narrar a vida e experimentou dos saberes ancestrais que compõem o lindo livro *Benzeções*:

“Era possível ver o mistério no quintal de minha mãe.

Era possível colher o céu com as mãos, tocar em Deus” (p.20).

Com ilustrações próprias e título que já fala por si só, esta obra é um registro poético, ainda que em prosa, da fé de sua gente, numa medicina afetiva, ecoamorosa, parafraseando meu amigo, professor Miguel Almir. De formas de convívio com o Sagrado e seu poder de reavivar corpos pelas águas, plantas, flores, céu, sol e palavras pronunciadas por lábios humildes. Infinitas vezes bendita, Roberta em seu corpo de poesia, ou “Corpo de rio” (poema premiado em Ibotirama) corre agora pelo Brasil, com as águas tranquilas que nascem e fazem renascer, levando os encantos das Benzeções.

Em *Dois sóis*, um conto, que mais parece um mito criado pela autora justifica o título do livro.  A primeira coisa que pensei foi na música cantada por Cássia Eller “Quando o segundo sol chegar…” pensei também na ideia de um sol para cada um, quando se quer dizer que algum lugar é muito quente. Errei nas previsões, mas nem tanto assim, há um quê de apocalíptico, e por outro lado, cada personagem finda por representar o sol, emprestando seus raios que se unem no propósito de realinhar a órbita da realidade, dos sonhos, primeiro neste conto, depois em cada texto do livro.

No conto, o nascimento de Sol, um menino ribeirinho se dá em circunstâncias adversas à vida, percebe-se uma sequência de acontecimentos simbólicos que remontam as razões da ausência do astro rei: O vendaval, a enchente que a tudo leva – a mãe e as casas da comunidade do Papoco, onde o conto é ambientado.

A busca do menino Sol pelo seu xará é tratada como uma caça ao tesouro, cuja riqueza devolveria à normalidade os dias, e reestabeleceria a visão de igualdade entre todos. Ela encerra-se de modo que o conto se revela como denúncia dos impactos ambientais da ação inconsequente do povo daquela comunidade, e global.

Do encontro do Sol com o sol, e da tentativa daquele resgatar a este, como quem quer colher uma flor, resulta um acidente necessário, para justificar o nome do personagem, que se torna símbolo da união de esforços para a transformação de uma realidade. Resgatar Sol do barranco da margem do rio é o resgate da luz, da condição de ver de novo com clareza a realidade e agir nela também de modo claro, dissipando a treva da ignorância e a maldição, levando as pessoas tornadas sóis, iluminadas, a escreverem novas histórias.

Nesse sentido, cada poema também é reflexo de um outro sol, coletivo, consciente de seu lugar, aquecendo os corpos e as formas de existir na nossa grande “Odisséia terrestre”, ou aquática?.

Viva a literatura e a poesia de Roberta Marisa!

 

*Romildo Alves* – poeta cordelista, Mestre em Estudos Literários (UEFS), e professor da Rede Estadual de Ensino da Bahia.

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