Ano que vem entramos na segunda metade da década. Durante todos estes anos a Biblioteca Municipal Arnold Silva – ali na rua Geminiano Costa – esteve em reformas. O equipamento, a propósito, ainda não foi entregue à comunidade. Aliás, nem se sabe quando será. Chegaram a cogitar uma permuta estapafúrdia: transferir o Legislativo para aquele espaço e, em troca, a biblioteca iria para a antiga Cadeia Pública. Depois recuaram, dada a reação dos que tem apreço pelos livros e pela leitura.
Desde 2019 a Biblioteca Municipal está em interminável reforma. Toda uma geração de estudantes perdeu a oportunidade de conhecer o espaço e – quem sabe – desenvolver o gosto pela leitura, o hábito da convivência com os livros, o que poderia abrir as portas para uma vida melhor, sobretudo para os mais pobres.
A Feira de Santana, a propósito, é paupérrima em equipamentos culturais, sobretudo bibliotecas. Na região central da cidade, com acesso aberto à população, não há nenhuma. Repita-se: em funcionamento efetivo, não há nada, uma sequer. Por aí se tira o drama de quem não tem poder aquisitivo para comprar livros e deseja cultivar o hábito da leitura.
Vá lá que, na rede escolar, existem umas poucas prateleiras com algumas publicações – em salas exíguas – que constituem pequenas e acanhadas bibliotecas. São, portanto, protocolares, meros apêndices de uma inexistente política de incentivo à leitura. Em suma, na Princesa do Sertão, com seus mais de 600 mil habitantes, vive-se o vexame de não se dispor, sequer, de uma biblioteca pública no centro da cidade, municipal ou estadual.
Mesmo assim, nas datas solenes, muitos inflam o peito para alardear as grandezas da Feira de Santana, suas potencialidades e seu espírito progressista. Sem, ao menos, uma biblioteca pública aberta e funcionando? É complicado apostar no futuro deste jeito. Os guardiões da cultura local deveriam atentar para isso.
Dizem que o futuro do conhecimento está no domínio da tecnologia, dos aparelhos eletrônicos. Em grande medida está, sem dúvida. Mas a ancoragem de todo o progresso – queiram ou não – ainda passa pelos analógicos livros impressos. Então, seria bom a Feira de Santana discutir, de fato, a reabertura de sua biblioteca, que até se tornou alvo de um pitoresco escambo com o Legislativo.
Tristes feirenses jovens, triste Biblioteca Municipal que ajudou a instruir gerações de feirenses…
Foto: Nei Rios/Facebook
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