O altar com a bela imagem de Nossa Senhora da Conceição estava exatamente igual, com exceção das flores.As rosas de outrora foram substituídas por lindos girassóis.
O que não afetou em nada a emoção de reviver momentos tão marcantes da infância, reconhecendo, entre as pessoas que lotavam a pequena igreja do povoado de Picado, em Conceição do Jacuípe, um ou outro personagem da minha própria história.
Me reconheci na voz trêmula da pequena Adriele no topo do altar. “Virgem recebe esta coroa…”, cantei junto, tentando conter as lágrimas.
Era como se minha mãe estivesse ali, entre aquelas tantas mães quase mudas de contentamento por verem seus “anjos” vestidos de verde e branco louvando Nossa Senhora.
Lá estavam, também como em tempos já tão distantes, os professores orgulhosos diante da performance dos alunos.
Quase pude ver o olhar amoroso da minha primeira e melhor professora, Olga Vital, com quem dividi, mais tarde, a emoção contida durante a celebração.
E no abraço de despedida, diante do templo em que recebi os sacramentos do batismo, primeira comunhão e crisma, veio a certeza de que guardarei para sempre os ensinamentos de fé e de amor que me foram dados durante toda a vida.
Desde quando eu era “anjo” para celebrar a Virgem Maria.