No grupo escolar que ficava no Tanque da Nacão – descida do Marajó. Feira que te quero Feira. E Viva o dia das Crianças. Vou contar uma coisa para vocês: Sabe porque eu estou quase rindo? Porque me era proibido rir. Meu pai tinha morrido no ano anterior e minha mãe proibia os sorrisos em nossa casa. A trança do cabelo é falsa. Foi a primeira vez que eu cortei o cabelo, para poder vender, pois nossa família estava em grandes dificuldades financeiras. Era a moda das perucas, lembram? Charles Albert que era carnavalesco e homem de várias artes, viu meu cabelo e ofereceu um bom dinheiro para minha mãe. Ela não teve como dizer não. Minha cabeça rodava a mil. Tinha sempre mil ideias de como fazer coisas: rifas, participação em concursos. Neste ano fui eleita Rainha do Milho. A outra concorrente era uma menina de classe média e ficou enfurecida com o resultado. Eu era muito pobre para ter ganho… Outros tempos de uma escola pública de boa qualidade aonde estudavam alunos filhos de trabalhadores e filhos de camadas médias. Mas, de vez em quando, sempre apareciam aquelas “doces meninas” com seus vestidos de cambraia de linho, para me lembrar que eu não era uma delas.
Clique aqui e leia esse texto em dinamarquês.