A Princesa do Sertão era referência na região, comércio em geral, forte da pecuária, às segundas-feiras do Campo do Gado saiam os preços das arrobas para comercialização em todo Estado.
A fazenda Mocó, era uma estação experimental para pesquisas e ensaios com jumento pega, mulas, etc, foi desativada, a antiga propriedade do governo estadual atualmente abriga invasões do MST.
A feira livre que ocupava desordenadamente toda extensão das praças da Bandeira, João Pedreira, Bernardino Bahia, ruas Sales Barbosa e Marechal e toda Avenida Getulio Vargas, até o Emec, comprava-se e vendia-se de tudo, galinha, perus, porcos, bodes, pássaros, todo tipo de caças, frutas, verduras, farinha, feijão, roupas, enfim uma infinidade de produtos que fazia com que de sexta-feiraa início da noite de segunda-feira a cidade tornava-se cosmopolita com gente de todos os cantos, até turistas de outros Estados.
Em uma decisão arrojada o então prefeito Dr. José Falcão da Silva construíu, em meados dos anos 70, o Centro de Abastecimento com o objetivo de ordenar a feira livre e transferir todos feirantes e toda aquela bagunça para o novo empreendimento, decisão digna de elogios.
Atualmente a feira livre que era referência nacional perdeu todo o brilho com a desordem, hoje é possível encontrar feirantes e camelôs em todos os cantos, emporcalhando a cidade sem nenhum critério e fiscalização dos órgãos públicos.
Feira de Santana até o final dos anos 80 possuía três filarmônicas: Sociedade Filarmônica 25 de março, cujo o prédio sede está em ruínas, Filarmônica Vitória, o edifício sede chegou a cair uma parte, mas a tempo foi recuperado, a Euterpe Feirense desativou a sede do centro da cidade e atualmente é o único clube social em atividades nas instalações da Av. Contorno, infelizmente ficaram mudas, seus trombones, cornetas, pratos, etc., não fazem a alegria de crianças, jovens e velhos corriam para ver a banda passar.
O querido Fluminense de Feira, campeão baiano por duas vezes, fazia os grandes clubes baianos da capital e do interior temer nas disputas com o “Touro do Sertão”, nos clássicos com o Bahia ou o Vitória movimentava a cidade, acabou, hoje o Flu está na segunda divisão do campeonato baiano, lutando para não ir para terceira.
No aristocrático Feira Tênis Clube eram realizados os bailes de Micareta, Noite do Havaí, Broto do Ano, Reveillon, etc, e em seu ginásio Péricles Valadares aconteciam as competições esportivas, jogos aberto do interior, proporcionando uma movimentação na cidade com jovens de todos os cantos da Bahia. Deixaram de acontecer, o FTC acabou, com gestões irresponsáveis deixando o clube endividado com ações trabalhistas sendo obrigado a penhorar parte do sede, indo à praça, perdendo parte do patrimônio e hoje está resumido a um estacionamento, e ninguém conseguiu explicar a verdadeira situação.
Já o nosso querido Clube de Campo Cajueiro a situação foi muito pior. Palco do grande Baile Caju de Ouro que proporcionava aos associados e toda a sociedade baiana, ver ao vivo e a cores as fantasias e escolas de samba premiadas no carnaval carioca, quando a época a tv era em preto e branco, ali também todos os cantores que faziam sucesso nacional se apresentavam, Roberto Carlos, Caetano Veloso, Erasmo Carlos, Moraes Moreira, Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Gonzaguinha e muitos outros.
Em sua sede lindíssima projetada pelo arquiteto Amelio Amorim aconteceram várias festas de Debutantes idealizadas pelo colunista Eme Portugal, reveilons onde a sociedade feirense se reunia como fosse uma só família, à beira da piscina fizemos nosso amigos da adolescência, amizades sinceras que duram até os dias de hoje.
Também nada disso existe mais, o clube foi loteado e vendido para quitar débitos contraídos por diretorias que se achavam únicas proprietárias, oferecendo aos associados poucas satisfações, por fim acabou.
A festa de Santana que acontecia no mês de janeiro, inicialmente com o bloco anunciador lavagens, levagens, novenas e por quinze dias no largo da Matriz a festa que todas as noites era animada pelas filarmônicas, no final era realizada a grande procissão de Santana prestigiada com várias imagens de santos de várias paróquias, acompanhada por milhares de fiéis, uma verdadeira festa religiosa, simplesmente deixou de existir uma tradição de anos
Hoje só nos resta a micareta, idealizada por Maneca Ferreira e amigos no ano de 1938, a primeira do Brasil, já foi considerada a segunda festa popular da Bahia depois do carnaval, estava no calendário baiano.
Devido à falta de planejamento, organização e outros fatores pontuais o brilho a cada ano vem se apagando, atualmente está viva porque os blocos privados contratam atrações de peso no carnaval de Salvador, mas infelizmente é possível ver que os foliões estão optando pelos camarotes privados que além de atrações exclusiva, cantores e cantoras de sucesso comprovado animem a festa privada, além de ser possível comer e beber do melhor, receber tratamento vip e conviver com gente bonita e transadas, ali tudo acontece.
Infelizmente ninguém sabe dizer até quando isto vai durar e fica a pergunta: Quem vai trazer as atrações de rua para o povo quando estes blocos não tiverem mais público para financiar os trios elétrico de cantores de peso?
Já passou da hora da sociedade juntamente com os órgãos públicos, imprensa e a quem interessar fazer um fórum para resgatar os grandes valores da nossa cidade e lutar para que os únicos que restam não acabar, criar outros para o lazer como um todo da população principalmente as mais carentes, antes que a cidade seja prestigiada apenas para atender interesses políticos em véspera de eleições.
A cidade já está pobre de eventos, vejam que na passagem de ano não havia nenhuma organização privada ou pública em nenhum canto da Princesa do Sertão.
No São João enquanto a maioria dos municípios nordestinos brasileiro atraindo milhares de turistas, aqui é realizado um mixuruca São João em São José, sem propagar, atraindo muito pouco turistas.
O nosso parque de exposição agropecuária quando deveria ser uma referência nacional na realização de Expofeira é apenas um evento que atrai interessados para assistir shows musicais de artistas famosos tirando todo o foco que é a festa da pecuária.
Fica o alerta para toda a sociedade e principalmente para governantes e políticos.
Marilton Carvalho – marilton@alicrim.com.br
RT @blogdafeira: Marilton Carvalho: Feira de Santana, a cidade que já teve: A Princesa do Sertão era referência na região, comérc… http:/…