No meado da década de 60, a nossa Princesa do Sertão possuía o seu Plano Diretor, plano este feito sem as devidas audiências públicas, onde o povo opina sobre as prioridades da cidade. Neste plano, estava prevista a criação de Centro Industrial do Subaé situado no bairro do Tomba fora do Anel de Contorno.
Naquele final de década, a cidade possuía pouco mais de cem mil habitantes residindo na zona urbana, sendo que a maioria habitava dentro do Anel de Contorno, mas não sei por qual motivo, os governantes da época resolveram aprovar a criação do Conjunto Habitacional Cidade Nova, totalmente em desacordo com o que estava determinado no Plano Diretor, localizado a quilômetros do Centro Industrial e com custos altíssimos para o município, como obras de infraestrutura: saneamento básico, energia, água, segurança, coleta de lixo, linha de transporte, etc.
A cidade crescia sem planejamento, totalmente fora do propósito organizacional. Atualmente, dentro do perímetro do anel de contorno, é possível habitar mais de dois milhões de pessoas.
Mesmo com o exemplo que ocorreu na década de 60, a cidade possui áreas enormes que servem exclusivamente para especulação imobiliária, a começar pelos governos estadual e municipal.
Ali onde está situada a Colônia Lopes Rodrigues, são milhares de metros quadrados que levaram anos sem a devida utilidade. Nos últimos trinta anos, ali construíram o Hospital Clériston Andrade e o Hospital da Criança, a Dires, a Cerb, o DETRAN, o Complexo Policial, o Conjunto Habitacional e até um motel que ninguém sabe por que foi parar ali e ainda possui área suficiente para construir outros empreendimentos, e ainda devem sobrar alguns milhares de metros quadrados.
O Horto Florestal está situado na área mais nobre da cidade, no Bairro Santa Monica. Poucos metros quadrados foram utilizados e o restante é um terreno baldio sem nenhuma utilidade.
No antigo Campo do Gado, também são milhares de metros quadrados que pertencem ao município, onde funcionam algumas secretarias. Lá também, foi iniciada a construção do Centro de Convenções que há 10 anos tiveram suas obras paralisadas e não há previsão para serem reiniciadas. Ninguém sabe para quem e para que ele vá servir.
Além dos terrenos pertencentes aos governos, à iniciativa privada, proprietária de casas no centro da cidade que não servem mais para residência, a solução tomada é demolir o imóvel, tirar o entulho e fazer um estacionamento sem nenhuma estrutura, a maioria sem cobertura para os veículos conforme determina a lei.
Ali mesmo na quadra da Prefeitura, há uma verdadeira aberração. Há uma área enorme servindo de estacionamento com entradas e saídas para as três avenidas mais importantes da cidade e sem nenhuma estrutura. E para completar, há um edifício residencial fechado e um hotel no mesmo estado.
Com todas estas situações, a nossa querida Princesa do Sertão está mais para Rainha Velha.
Dentro do anel de contorno, é possível encontrar diversas áreas, terrenos baldios, algumas muradas, outras cercadas, mas a maioria sem nenhum cuidado por parte dos proprietários, mesmo sabendo que o IPTU para áreas sem estas devidamente muradas ou cercadas, a alíquota é de 20% ao ano e como a cidade não existe um Plano Diretor, são criados diversos vetores de crescimento sem ordenamento e sem estrutura.
Veja o caso da Artêmia Pires que vem crescendo desordenadamente. Ali, era para ser traçada uma avenida larga, para que no futuro, quando os condomínios que estão sendo construídos já estiverem totalmente habitados, não venha a ocorrer problemas de circulação.
O Plano Diretor Urbano da cidade de New York agora em 2011 completou 200 anos e estava previsto o Central Park. E aqui na Princesa do Sertão, o que está previsto para os próximos vinte ou trinta anos?
Marilton Carvalho é Administrador de Empresas – marilton@alicrim.com.br
‘Especulação imobiliária X Plano Diretor em Feira’, por Marilton Carvalho https://t.co/1O8gg9mk8b