Era prefeito José Falcão da Silva pelo MDB, partido da oposição no bipartidarismo (Arena x MDB) da Ditadura Militar, quando o Município de Feira de Santana conseguiu um empréstimo de cerca de 42 milhões de cruzeiros (Cr$) para execução de um ‘Projeto Cabana’ que construiu o atual Centro de Abastecimento e retirou do centro da cidade a feira livre que tinha seu ápice nas segundas-feiras.
Naquele momento do século passado (1977), a feira livre saiu do centro da cidade onde já alcançava as imediações do Paço “Maria Quitéria”. Foi uma grande mudança.
Um ano depois quem não a conheceu e chegasse por aqui não imaginaria, sem ver fotos, a multidão de gente e mercadorias que tomavam aquelas ruas tão elegantes embora as carroças e os animais ainda trotassem pelo calçamento.
Mas não demorou para a feira livre começar a voltar, normalmente, naturalmente como voltam os regimes de chuva e estiagem no Nordeste e embora as pessoas reclamem não evitam pois faz parte da essência do lugar.
Apesar das feirinhas e do forte comércio que surgiram nos bairros, ela foi voltando, se insinuando, se misturando e crescendo até a configuração que hoje temos no centro da cidade,
A feira livre nunca saiu de verdade.Não conseguiram matá-la. E o que se percebe agora nessa ‘discussão’ são quase os mesmos discursos de ‘progresso’ e ‘insegurança’ de 40 anos atrás, mostrando que o calçadão da Sales e a avenida Marechal são a prova mais incômoda de que a feira livre está viva.
A diferença básica é que agora falta projeto e poder de articulação. O atual prefeito José Ronaldo (DEM) bem que tentou o seu ‘projeto cabana’ em pequena escala com o lance da PPP com o Grupo Uai para a construção de um shopping popular e retirada das barracas da Sales Barbosa.
Mas o ‘Cabana’ de Ronaldo só seria possível com o sucesso do Pacto de Feira,ou seja, a criação de um grande consenso na cidade.Não conseguiu. A reação da comunidade e dos permissionários do Centro de Abastecimento foi mais forte. Até mais do que a crise econômica que agora é usada como justificativa.
O Pacto de Feira foi uma boa ideia que falhou, por diversas razões históricas e de gestão que não acrescenta nada a este texto analisá-las.
Sem nenhuma ação de governo ‘radical’ nessa área, Ronaldo perde um pouco o discurso e o prestígio junto a setores nos quais vem alimentando esperanças de ‘limpar’ o centro da cidade desde o primeiro mandato, em 2001.
Mas em compensação não enfrenta desconforto em segmentos populares que não vêem a feira livre do centro como um problema mas, ao contrário, como solução para suas sobrevivências e consumo.
O ordenamento no centro de Feira de Santana é um desafio profundo, seja quem for o Prefeito em 2017. E a Sales e a Marechal são apenas a ponta do cordão que está bem enrolado.
a ‘feira livre’ está viva na Feira https://t.co/fu0fxftikE
Sales Barbosa e Marechal provam que a ‘feira livre’ está viva na Feira https://t.co/fu0fxftikE