A contradição estava na cara: uma construção para manter viva a história de um defensor dos direitos dos mais frágeis na sociedade iria expulsar algumas dezenas de sapateiros que há anos trabalham em uma área no canteiro central da avenida Getúlio Vargas, quase defronte ao Paço Municipal Maria Quitéria, onde funciona o Gabinete do Prefeito de Feira, de onde Pinto foi expulso pelo Golpe Militar em 1964.
O projeto do ‘Memorial de Chico Pinto’ surgiu logo após a morte dele em 2008, através de ex-militantes de esquerda e correligionários do ex-prefeito e ex-deputado federal e foi levado ao então prefeito Tarcízio Pimenta (DEM) que apoiou a ideia.
Mas tudo não passou de uma ideia natimorta e os sapateiros, que seriam transferidos, ironicamente, para o beco lateral ao antigo (já demolido) casarão do líder esquerdista, continuam na praça.
Há poucos dias, no jornal Folha do Estado, o empresário João Farias escreveu um artigo intitulado “Os heróis não devem ser esquecidos” onde cobra “um memorial do tamanho e da grandeza” de Chico Pinto, depois de relatar fatos que mostram “a força política e o tamanho de sua importância na redemocratização do país”. O articulista não se refere a nenhum local, no entanto. Apenas cobra a homenagem.
Antes de morrer, Pinto foi homenageado pelo Governo de Ronaldo com uma das comendas da ‘Ordem do Mérito’. Não foi receber pessoalmente mas enviou uma elegante carta (do próprio punho) agradecendo ao prefeito José Ronaldo.
Feira deve a si própria esse Memorial. E há lugares de sobra para isso na Feira.
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