“O CARNAVAL DE SALVADOR 2017 é o mais desnorteado dos últimos anos. Vive um momento de transição entre o Momo empresarial dos blocos com cordas e dos camarotes e o Momo empresarial/governamental sem cordas, do folião livre que recebeu o nome de ‘pipoca’. E mais: o fuzuê, o furdunço e o samba. Tá uma confusão enorme, sem pé nem cabeça. Não há um Norte, uma identidade. E o tema: a Cidade da Música foi engolido por esse engrenagem.
Os blocos afros que, bem ou mal, conseguiam se destacar também foram engolidos. E até os blocos de trios, que tinham uma organização, que dispuavam entre sí em beleza, abadá, etc, se desmatelaram. Está um salve-se quem puder típico de uma fase de transição que vem ocorrendo há alguns anos e que, agora, chegou ao limite. Ou se organiza: ou mata de vez sua galinha dos ovos de ouro.
O Momo espontâneo está se tornando uma raridade e até a Mudança do Garcia, último bastião desse modelo, está repleto de patrocínios. Antes, nos primórdios, a Prefeitura dava uma ajuda e os foliões faziam a folia. Hoje, também mudou. Prá pior. O Carnaval também se politizou, algumas artistas clamaram por um ‘Fora Temer’ e o prefeito foi vaiado no Curuzu.
Em entrevista a imprensa, neste domingo, o governador Rui Costa (PT), mostrou-se preocupado e diz que está na hora de sentar para afinar a viola. Hoje, três violas dissonantes: a dele, a do prefeito e a dos empresários. Como afinar essas violas, sabe Deus, uma vez que Rui e Neto são adversários políticos e no Carnaval 2018 vão se chocar de frente.”
Tasso Franco é jornalista e autor do site BahiaJá, em Salvador.