O Mercado Médio de música no Brasil está na minha opinião passando por algo semelhante a tal “bolha imobiliária” que desencadeou numa crise absurda nos EUA há alguns anos.
Claro, que estou falando apenas como conceito, e não que um estouro da “Bolha Indie” vai desencadear tamanha crise aqui no Brasil.
Mas assim como na tal “bolha americana” o crédito em excesso e a especulação foram os principais combustíveis que desencadeou a crise. No caso da música independente, ou do que chamamos de mercado médio, o que tem inflado a “micro bolha indie” como nunca, são os editais (excesso de crédito) e a especulação (hype da midia especializada).
No geral a galera tem se acostumado a cachês gordos e burburinhos na internet que gera uma “falsa demanda”, ou seja, uma ideia de que há um público gigante e sedento pelo show do artista, mas que nunca se reflete na bilheteria.
O que me vem a mente é, se de repente, os editais desaparecerem, essa cena vai se sustentar por quanto tempo?
É possível produzir os mesmos festivais e shows sem esse aporte que as vezes cobre até 100% dos custos de um evento desse?
O que me preocupa mais é que esse Mercado Médio disputa uma fatia bem pequena do Mercado de Música brasileira, basta observar os dados de rádios e serviços de streaming, e ai tem inflado sem nenhuma base sólida que possa garantir a manutenção do mesmo quando e se os editais desaparecerem.
Estamos em tempos sombrios e não é absurdo considerar o fim desses editais.
Joilson Santos é produtor cultural, criador do FeiraNoise.O texto foi publicado originalmente no Facebook.
foto-ilustração: cesto na rua Marechal Deodoro em Feira,Ba