“Fulano 2020” ou “Beltrano vem aí”.
Adesivos do gênero já estão colados nos vidros de veículos que circulam pela Feira de Santana. Obviamente, manifestam intenções eleitorais vindouras. E não são exclusividade dos postulantes à Câmara Municipal daqui, mas também de municípios vizinhos. Quem conta nos dedos se espanta: faltam longos 19 meses até a boca da urna. Mais de um ano e meio.
À primeira vista, é muita antecipação, sobretudo porque quem venceu as eleições de outubro passado mal tomou posse. Para completar, o Carnaval de 2019 foi tardio. Até domingo passado houve desfiles e apresentações de artistas em algumas cidades, prolongando o clima de folia e retardando o simbólico – e folclórico – início do ano.
As mudanças recentes na legislação eleitoral talvez ajudem a explicar essa afobação. Acabaram, por exemplo, as coligações proporcionais. Consórcios partidários, a partir daqui, estão vetados: cada legenda que saia sozinha, tentando eleger o maior número possível de vereadores.
Para tentar garantir a eleição de bancadas, os partidos serão estimulados a lançar candidatos próprios às prefeituras. Acabará, em muitos lugares, aquele cardápio restrito de candidatos, como se observou nos últimos anos em muitos lugares. Não é à toa que se veem tantas pré-candidaturas para o Executivo.
E Feira?
Quantas pré-candidaturas a prefeito já foram lançadas na Feira de Santana? Pelo menos meia-dúzia. Isso para não mencionar aqueles que se dividem entre a Princesa do Sertão e Salvador, ciscando aqui e lá, “consultando bases”, conforme o surrado jargão político. Afora os retardatários – às vezes, os mais experientes – que esperam mais clareza no cenário para se posicionar, bem lá adiante.
Tudo isso vai trazer incerteza para enredos que, nos últimos anos, foram bastante previsíveis. Talvez por isso alguns neófitos apostem em tanta antecipação, lançando desde já seus nomes nos para-brisas dos carros dos amigos, precoces cabos eleitorais. É claro que a fórmula não tem eficácia universal, garantindo sucesso ou malogro. Depende de cada candidato.
De qualquer forma, a iniciativa demonstra a ansiedade de quem planeja se aventurar, tentando uma vaga para o Legislativo. Muitos devem alegar uma irreprimível vocação para a vida pública. O eleitor, desconfiado, desde já deduz que o abnegado, na verdade, está de olho é nas polpudas vantagens da função. São visões que já se incorporaram ao folclore político do País.
O jogo eleitoral vai mudar, mas o cenário político também. Ninguém vai encontrar aquela previsibilidade das democracias saudáveis, que até certo ponto experimentamos no passado recente. Pelo contrário: o Brasil parece se aproximar de uma nova espiral de tensões, com desdobramentos difíceis de mensurar.
Portanto, nobre pré-candidato, é melhor conter a ansiedade e esperar mais um pouco…
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