por André Pomponet*
Ano de eleição é período bom para se tentar discutir questões estruturais que envolvem a vida dos municípios. Incluindo aí, óbvio, as da Feira de Santana.
Quem acompanha com atenção o noticiário político percebe que as “grandes obras” dominarão, mais uma vez, a agenda eleitoral. O atual prefeito, Colbert Filho (MDB) – candidato à reeleição – saiu na frente, anunciando um amplo pacote.
As intervenções incluem a duplicação de dois viadutos – os das avenidas Maria Quitéria e João Durval – e a requalificação do centro comercial, que vai começar depois da controversa remoção dos camelôs e ambulantes para o Shopping Popular, ali na área do Centro de Abastecimento.
O início da operação do BRT – Bus Rapid Transit – é outra promessa. Como a obra se arrasta há muitos anos, também figura no rol das polêmicas.
Os sucessivos adiamentos na inauguração do Shopping Popular, a rejeição manifesta de muitos trabalhadores à remoção e a excessiva proximidade do calendário eleitoral – que amplifica os efeitos da medida, para o bem e para o mal – tornam a iniciativa uma vidraça.
Mas, caso tudo dê certo, pode virar vitrine.
O que é que vai prevalecer? Isso só o posicionamentos dos atores em cena vai indicar.
O BRT é outra iniciativa controversa, sobretudo porque o sistema de transporte público na Feira de Santana é péssimo. Isso se aplica, principalmente, quando se considera o porte do município. Tarifas elevadas, veículos mal-conservados e longas esperas atormentam o feirense e o lança aos aplicativos de transporte, às motos e motonetas e – no caso dos mais abastados – aos próprios automóveis.
É bom ressaltar: essas iniciativas – mais adiantadas e, portanto, em condições de repercutir junto aos eleitores até a romaria às urnas eletrônicas –, caso engrenem, vão favorecer Colbert Filho, impulsionando sua reeleição.
Se os embaraços se avolumarem, surtirão o efeito oposto.
É sempre bom lembrar, porém, que, embora influam, estas iniciativas, por si mesmas, não vão determinar o resultado das eleições.
Caso o pacote de obras saia do papel e seus resultados sejam percebidos de maneira favorável pelo eleitorado, até outubro, o prefeito amplia suas chances. Caso emperre, surgirão as dúvidas, as contestações, as cogitações sobre nomes alternativos.
É claro que a agenda de obras é apenas parte do cenário eleitoral. Nele, as costuras partidárias pesam muito e, a depender da circunstância, podem ser determinantes. É por isso que aqueles que acompanham a vida política do município conservam a cautela e aguardam os próximos desdobramentos, pois tudo ainda está nebuloso.
No entanto, caso o pacote de obras integre um conjunto articulado de iniciativas que, agregadas, componham um plano de desenvolvimento, pode funcionar como excelente chamariz eleitoral. Ou vitrine, para recorrer à expressão já empregada.
Isso vale, é evidente, para todos os candidatos. O único risco – e isso também é aplicável a todo mundo – é que, dependendo do contexto, a vitrine se transforme em vidraça.
André Pomponet é jornalista
foto ilustrativa: manifestação na porta da Prefeitura
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