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Trazíbulo Henrique
quarta-feira, 22 de abril de 2020 / Publicado em Colunistas, Home

Covid-19 e a Internet (ou Estou em isolamento social físico)

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Há mais de cinquenta anos começou a surgir a Internet. No final da década  de 60 do século XX, professores e estudantes de universidades norte-americanas, atendendo a uma demanda da Arpa (Advanced Research Projects Agency), a agência de pesquisas avançadas do Departamento de Defesa do Governo dos EUA, desenvolveram a Arpanet. Dentro desse projeto, em 1969, o estudante de computação Charley Kline, sob a supervisão do professor Leonard Kleinrock, planejou enviar a palavra login (neologismo da computação, algo equivalente a ‘registro em’, no caso, para acessar um sistema digital) de um computador da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, para um computador do Instituto de Pesquisa de Stanford, em Menlo Park. Porém, o sistema ‘caiu’ e só foi enviado lo. Cerca de uma hora depois, solucionado o problema do sistema, enviaram a palavra toda. Assim, a semente da Internet estava sendo cultivada.

Em 1971, foi enviado primeiro e-mail (electronic mail, correio eletrônico). Quem enviou este primeiro e-mail foi Raymond Samuel Tomlinson. Ao relembrar o fato, Ray Tomlinson comentou que enviou a mensagem para uma máquina ao lado da máquina que ele utilizava, conectadas pela Arpanet. Ele contou que enviou várias mensagens de teste para si mesmo, com um texto qualquer, insistiu que não se lembrava do conteúdo daquelas mensagens, textos provavelmente  protocolares para testes e “completamente esquecíveis”, nas palavras de Tomlinson.

Quando ele já estava satisfeito com o resultado, mandou uma mensagem  aos outros membros da equipe, detalhando como mandar e-mail através da rede. E assim nasceu o e-mail: anunciando ele mesmo sua própria existência. Ao formatar as primeiras correspondências por correio eletrônico, Tomlinson deu destaque ao @ (arroba), símbolo sem grande destaque no vocabulário de língua inglesa na época. Tomlinson utilizou o @ como um símbolo para a preposição at, indicando que um usuário de e-mail estava localizado em uma determinada instituição ou host de mensagens. Ah, o primeiro endereço de e-mail criado foi o tomlinson@bbn-tenexa.

Logo, por que estamos abordando esse fato histórico ocorrido em abril de 2020? Por conta da covid-19. Sim, estamos enfrentando uma crise mundial de  saúde pública (por conta dessa, virão outras, econômica, comportamental, social etc.). E aqui, talvez por simplificação pragmática ou por herdarmos a expressão já empregada em outros idiomas, temos utilizado a expressão ‘isolamento social’. Contudo, não é isso que se tem defendido e preconizado. O que vários organismos e setores, tais como a Organização Mundial da Saúde (OMS – agência da ONU) e os gestores de vários países, têm preconizado e defendido é o ‘isolamento físico’, ainda que em suas ‘notas’ e pronunciamentos utilizem repetidamente a expressão ‘isolamento social’.

Poderíamos nos alongar citando vários casos de relações familiares e pessoais, que tem se estreitado nesses dias, por conta do carinho, da preocupação, da fraternidade, do humor, da saudade, da amizade, ou pela solidariedade. Porém, apresentamos brevemente, alguns procedimentos profissionais e sociais que têm ganhado força, ou têm surgido, nesse período de pandemia provocada pela covid- 19, e que promoveram um grande espalhamento social, aqui na acepção de difusão social, irradiação social e alastramento social.

Por conta da situação provocada pelo novo coronavírus no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) reconheceu a possibilidade de serem adotadas no país algumas modalidades da telemedicina. O ofício do CFM autorizando a prática de algumas modalidades da telemedicina foi enviado, na segunda quinzena de março de 2020, ao Ministério da Saúde. Neste ofício o CFM informa que a decisão vale em caráter excepcional e enquanto durar o combate à pandemia da covid-19. Conforme o documento remetido, a telemedicina, caracterizada como o exercício da medicina por meio da utilização de metodologias interativas de comunicação audiovisual e de dados com o objetivo de assistência, educação e pesquisa em saúde, poderá ser exercida em três moldes: teleorientação, telemonitoramento e teleinterconsulta.

Na primeira sexta-feira de abril de 2020, uma das imagens mais reverenciadas do catolicismo baiano percorreu diversas ruas ‘paralisadas’ da cidade de Salvador. Uma réplica da imagem do Senhor do Bonfim, colocada em um carro do Corpo de Bombeiros, realizou um cortejo, por cerca de dez horas, percorrendo 48 bairros e levando uma benção especial à população soteropolitana. O cortejo foi propiciado pela necessidade de se evitar aglomerações físicas, devido ao avanço da pandemia da covid-19 na Bahia. Durante o percurso, devotos com o terço na mão se emocionaram. Muitos rezavam fervorosamente enquanto acenavam, à distância, com lenços brancos. Em momentos de aflição e dor, o ato religioso só tinha ocorrido três vezes: em 1842, motivado por uma grande seca que atingiu Salvador e região; em 1855, devido a uma epidemia do cólera que provocou enorme mortandade no estado; em 1942, provocada pelo desejo imenso do final da segunda guerra  mundial.

Um grupo de pesquisa sobre parentalidade e desenvolvimento socioemocional na infância (IPS/Ufba), como parte de uma proposta de apoio psicológico para os pais nesse período de quarentena, divulgou um arquivo digital com indicações que podem ajudar os pais durante esse período. Uma dessas indicações é: Conectando-se Com os Outros  ?  Se tiver acesso a internet, utilize para se conectar com as pessoas e inclua seu filho nesses contatos, especialmente com familiares. Mostre que ele pode dar carinho aos avós ou outros parentes que estão sozinhos, mesmo à distância. Isso pode ser feito por mensagens de texto. Deixe a criança lhe ajudar a escolher a mensagem que você vai enviar ou faça ligações de áudio e vídeo.

Efetivamente, neste panorama imposto pela pandemia da covid-19 e a consequente necessidade de distanciamento físico das pessoas, estamos a vivenciar muitas e satisfatórias ações e manifestações de espalhamento social, de difusão social, de irradiação social, de alastramento social. Assim, argumentamos pela não utilização da expressão ‘isolamento social’. Provavelmente não atropelaria o entendimento o uso de expressões como ‘isolamento físico’ ou ‘isolamento social físico’ ou ‘isolamento social presencial – ISP’, esta já vem com a sigla sonora pronta (podem ser criadas outras expressões correspondentes, com melhor sonoridade e ou de melhor assimilação).

Por favor, não entendam isso como um refinamento superficial. As notações ficam e marcam, lembremos da utilização e permanência do @ por Tomlinson e da criação do e-mail. A expressão ‘isolamento social’, no pós-novo coronavírus, poderá não ser benéfica em muitas relações sociais. Uma coisa é assistir a tentativa de ‘aperto de mão’ entre Goreng e Trimagasi (nas cenas iniciais de El Hoyo, de GalderGaztelu-Urrutia) antes dessa pandemia e outra coisa é assisti-la depois da pandemia.

Estamos em isolamento social físico.

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Trazíbulo Henrique
Trazíbulo Henrique
Professor Adjunto em Universidade Estadual de Feira de Santana
Nascido em Feira de Santana, na safra de 1957, equilibra-se bem entre a matemática, de que é professor, e a poesia, à qual oferece dedicação diferenciada e apoio integral. Ativista literário, participou das revistas Atos e Salamandra, ambas de poesia, e O Lixo, de contos. É também co-diretor da revista Hera, a mais longeva publicação de poesia no Brasil, desde 1985. Além de textos avulsos em revistas, Trazíbulo Casas publicou dois livros de poesia: Explicações à Minha Bota Furada (1983) e Noite Verde (2000).
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