Há pouco o que comemorar hoje (01), no Dia do Trabalho. A pandemia do Covid-19 vai impedir a realização daquelas tradicionais manifestações que reúnem milhões mundo afora. No Brasil, a restrição é danosa. Afinal, sem mobilização, quem trabalha assiste a uma nova ofensiva contra direitos trabalhistas, desta vez capitaneado pelo catastrófico governo de Jair Bolsonaro, o “mito”.
Com a pandemia, muita gente já perdeu o emprego. E encorpará aquele contingente de 11,2 milhões de desempregados legado pela infindável crise econômica que assola o Brasil desde meados de 2014. Outros milhões tiveram os salários reduzidos e direitos suspensos. Já os informais amargam filas insanas em agências bancárias e lotéricas para sacar um benefício ínfimo de 600 reais.
A escalada de supressão de direitos não findou. Isso apesar da aprovação de uma lesiva reforma trabalhista no controverso governo de Michel Temer, o mandatário de Tietê. A trupe do “mito” manteve a ofensiva e, agora, peleja para aprovar novos retrocessos, depois da contrarreforma da Previdência. Esta, a propósito, só poupou os amigos militares, que mantiveram todos os seus privilégios intocados.
Não há, portanto, razões para celebrar nada. O desastre, inclusive, é potencializado pela ausência de uma oposição organizada. Confiantes na derrocada do “mito”, os petistas aferram-se às ilusões de uma democracia moribunda e apostam que, em 2022, retornam, triunfantes, à presidência da República. Por isso, não conseguem – e não querem – fazer oposição. Os demais partidos de centro-esquerda marcham na mesma toada.
Com os canais tradicionais de participação obstruídos – sindicatos e associações, hoje, tornaram-se apêndices de partidos e de sua lógica eleitoral – vai ser longa e árdua a luta por direitos. Sufocar o embate, desdenhá-lo, ignorá-lo, porém, está se tornando difícil. A miséria e a desigualdade crescem no Brasil e só os lunáticos que perfilam com o “mito” conseguem negá-las.
O cenário se torna mais nebuloso em função da infindável crise política que descambou na eleição do “mito”, ele próprio uma crise ambulante. Além de problemático, é incompetente e paralisou o Estado. Os exemplos fervilham no noticiário e só não enxerga quem não quer. A pandemia do coronavírus tornou tudo muito pior.
Que fazer? Preparar-se para celebrar a data nos anos vindouros. Sabendo que a batalha feroz por mais supressão de direitos vai continuar…
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